Justiça

Moraes decreta prisão preventiva de Silvinei Vasques; ex-diretor da PRF foi detido no Paraguai após fuga

Condenado por tentativa de golpe de Estado, ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal tinha plano de embarcar para El Salvador com passaporte paraguaio falso

Imagem da noticia Moraes decreta prisão preventiva de Silvinei Vasques; ex-diretor da PRF foi detido no Paraguai após fuga
Foto de Vasques enviada por autoridades paraguaias à PF para confirmar identidade do ex-chefe da PRF | Divulgação
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou nesta sexta-feira (26) prisão preventiva de Silvinei Vasques. O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi detido de madrugada no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, no Paraguai, quando tentava embarcar para El Salvador usando um passaporte paraguaio falso.

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Na decisão, Moraes escreveu que decidiu determinar preventiva após a Polícia Federal (PF) notificar nessa quinta (25) "nos autos a violação da medida cautelar de monitoramento eletrônico de Vasques, consistente em ausência de sinal de GPS e GPRS". O ex-chefe da PRF rompeu tornozeleira em Santa Catarina antes da fuga do Brasil.

Silvinei Vasques preso no Paraguai: foto foi enviada por autoridades policiais do país à PF brasileira | Divulgação
Silvinei Vasques preso no Paraguai: foto foi enviada por autoridades policiais do país à PF brasileira | Divulgação

Linha do tempo da fuga

Moraes descreveu uma linha do tempo do que ocorreu antes da fuga de Vasques. A PF disse que a Polícia Penal de SC esteve no local pouco depois das 20h de ontem. Ninguém atendeu e garagem estava vazia. "A equipe de policiais federais repetiu o procedimento e chegou aos mesmos resultados."

Equipes verificaram que veículo cadastrado em nome do réu, um Jeep Renegade branco, constava como sendo de outra pessoa no sistema do Detran catarinense. Imagens do circuito interno mostraram que Vasques estaria usando, na verdade, um Volkswagen Polo prata "possivelmente alugado".

"Dessa forma, pode-se afirmar que o Réu esteve no local pelo menos até as 19h22min do dia 24/12/2025, quando não foi mais visto entrando ou saindo de carro. Pela sequência de imagens, às 19h06 aproximadamente ele colocou bolsas no porta-malas do carro (não eram malas); novamente, aproximadamente às 19h14min colocou mais coisas no banco de trás (inclusive ração e muitos sacos de tapete higiênico para cães), pelo lado do passageiro; e, aproximadamente às 19h22min, foi para o carro carregando potes comedouros (para ração) e conduzindo um cachorro (aparentando ser da raça pitbull), e saiu."

Segundo Moraes contou na decisão, Vasques usava calça de moletom preta, camiseta cinza da Puma e um boné preto da mesma marca. "Considerando que a porta do apartamento estaria trancada, não foi possível verificar se a tornozeleira eletrônica estaria no seu interior." A PF não encontrou "movimentações pertinentes" do Polo prata a partir das 19h22 de 24 de dezembro.

Agentes federais foram ontem, às 23h, ao endereço do réu e também não o encontraram, outro fato que atesta violação de medidas cautelares impostas a ele por Moraes em 5 de agosto de 2024. "A Polícia Federal informou que, na madrugada do dia 25/12/2025, por volta de 3h00, o equipamento de monitoramento eletrônico de SILVINEI VASQUES ficou sem sinal de GPS e, por volta de 13h00 do mesmo dia, sem sinal de GPRS, possivelmente devido ao término da bateria", afirmou o ministro.

"Diligências in loco realizadas pela Polícia Federal no endereço residencial do réu SILVINEI VASQUES indicam a efetivação de sua fuga, uma vez que o réu (a) não se encontrava em seu apartamento no momento da diligência, em violação à medida cautelar de recolhimento domiciliar noturno; (b) estava utilizando veículo automotor alugado (VW/Polo Prata, placas TXF2G54, em nome da empresa Localiza); (c) esteve em seu endereço residencial até as 19h22min do dia 24/12/2025, quando não foi mais visto entrando ou saindo de carro; e (d) carregou o veículo alugado com o seu animal de estimação e materiais para transporte de cachorro, incluindo ração e 'muitos sacos de tapete higiênico para cães'", acrescentou Moraes.
Vasques usou passaporte paraguaio que não corresponde à identidade dele | Divulgação
Vasques usou passaporte paraguaio que não corresponde à identidade dele | Divulgação

Segundo Moraes, a PF, além de indicar a fuga de Vasques, afirmou que "não há como precisar os motivos da violação da tornozeleira eletrônica ou o paradeiro de SILVINEI VASQUES, nem se a própria tornozeleira ainda estaria no apartamento".

Vasques foi preso no Paraguai na madrugada desta sexta (26), pouco depois da meia-noite. De acordo com as investigações, o documento apresentado era original, mas não correspondia à identidade real de Silvinei, o que levou à abordagem e à prisão ainda dentro do aeroporto em Assunção.

Segundo fontes do Itamaraty, como o nome de Silvinei não consta na difusão vermelha da Interpol, a tendência é que as autoridades paraguaias adotem o procedimento de expulsão sumária, e não de extradição. A expectativa é que ele seja entregue às autoridades brasileiras na região da Tríplice Fronteira.

Na decisão decretando prisão preventiva, Moraes ainda reforçou que "a jurisprudência" do STF "é firme no sentido da decretação da prisão em razão da fuga do distrito da culpa, quando demonstrada a pretensão de se furtar à aplicação da lei penal".

"A fuga do réu, caracterizada pela violação das medidas cautelares impostas sem qualquer justificativa, autoriza a conversão das medidas cautelares em prisão preventiva, conforme pacífica jurisprudência desta SUPREMA CORTE."

Condenado por tentativa de golpe

Vasques chefiou a Polícia Rodoviária Federal de abril de 2021 a dezembro de 2022, no governo Bolsonaro, e foi condenado pela Primeira Turma do STF como um dos integrantes do núcleo 2 da tentativa de golpe de Estado, grupo responsável por ações estratégicas e operacionais para manter ex-presidente no poder. Recebeu pena de 24 anos e seis meses de prisão.

Segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-chefe da PRF também coordenou realização de blitze no Nordeste no dia do segundo turno das eleições de 2022, com objetivo de dificultar movimentação de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para locais de votação.

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