Cármen Lúcia pede para eleitores não depositarem "dissabores da vida" nas urnas
Fala da presidente da corte eleitoral acontece em meio a episódios de ataques e agressões físicas nos debates em São Paulo e em Teresina
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, pediu aos eleitores para não depositarem os "dissabores da vida" na hora de votar. Nesta quinta-feira (3), durante a última sessão do TSE antes das eleições, ela afirmou que espera que casos de violência e intolerância não aconteçam durante o pleito do próximo domingo (6).
"Este é um momento de tranquilidade democrática, de civismo responsável e de alegria. A gente não espera que as pessoas depositem seus dissabores na vida, ou ideológicos, diferenças que são, às vezes, o que nos enriquecem", disse Lúcia.
"Não esperamos que haja práticas nem de ofensas, nem de violência, nem de inaceitação das diferenças, porque é dessas diferenças que nós realizamos a pluralidade, que é um direito constitucional de todo mundo. Somos uma sociedade que a Constituição afirma como plural. Essa Constituição que garante o voto, tão duramente conquistado pelas brasileiras e pelos brasileiros", concluiu.
A fala da ministra ocorre em meio a episódios inéditos de ataques verbais e até mesmo de agressões físicas durante os debates eleitorais, sobretudo em São Paulo. O candidato José Luiz Datena (PSDB) deu uma cadeirada durante um debate ao vivo no candidato Pablo Marçal (PRTB). Em outro debate, um assessor de Marçal deu um soco no rosto de Duda Lima, marqueteiro da campanha de Ricardo Nunes (MDB).
Além disso, em um dos primeiros debates em Teresina, o prefeito e candidato à reeleição, Dr. Pessoa (PRD), deu uma cabeçada no candidato Francinaldo Leão (PSOL).
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Cármen Lúcia também mencionou as precauções tomadas pela Justiça Eleitoral para que todas as pessoas possam votar com tranquilidade e sem obstáculos. Em uma portaria conjunta com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o TSE instituiu normas para a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), para evitar que operações como bloqueios de estradas sejam realizados.
"Tudo o que podia ser previsto foi previsto, o que era previsível foi adotado, medidas acauteladoras para que nada, nada pudesse dificultar a locomoção e o livre acesso ao local de votação", disse.
No dia das eleições de 2022, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro disputou a reeleição, a PRF realizou diversos bloqueios em rodovias da região Nordeste, principal reduto eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O episódio levou a investigações contra Bolsonaro e resultou na prisão do ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques. Ele foi solto este ano, mas as investigações ainda estão em andamento.