Pai do menino Bernardo é condenado a mais de 31 anos pela morte do filho
Leandro Boldrini foi condenado por homicídio quadruplamente qualificado e por falsidade ideológica
Luciane Kohlmann
O Tribunal do Júri condenou o médico Leandro Boldrini a 31 anos e oito meses de prisão, inicialmente a ser cumprido em regime fechado, pela morte do próprio filho, Bernardo, de 11 anos. O julgamento durou quatro dias no fórum de Três Passos, no noroeste do Rio Grande do Sul.
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Leandro foi condenado por homicídio quadruplamente qualificado e por falsidade ideológica. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver. 'Pela tarde, o réu voltou para o presídio de Charqueadas, onde ele está preso, preventivamente, em regime fechado, desde a localização do corpo do filho, no dia 14 de abril de 2014, ou seja, há nove anos.
O quarto dia de julgamento começou com a expectativa do interrogatório do réu, que não aconteceu. Às 8h40, Leandro Boldrini chegou ao fórum para o interrogatório. Pelo terceiro dia seguido, foi dispensado por motivo de saúde e voltou ao presídio.
Os debates entre a acusação e a defesa duraram cinco horas. Segundo o Ministério Público, Leandro Boldrini planejou e financiou o crime. Os promotores destacaram a frieza do réu após a morte do filho. Já os advogados do médico reforçam a inexistência de uma prova técnica que confirme a participação dele no assassinato e na ocultação do corpo.
Para a Promotoria, o motivo do crime foi a herança deixada pela mãe de Bernardo. A acusação também está convencida de que o menino era considerado um estorvo pelo casal.
"Somente se preocupa e se emociona quando o apontam, quando o trazem pro processo, quando dizem foi tu. Por que? Porque isso é típico do psicopata, não tá nem aí pro que fez, mas não quer ser descoberto", diz a promotora de Justiça, Lúcia Helena Callegari.
Durante o julgamento, a acusação exibiu aos jurados um vídeo em que Bernardo pede socorro. A mesma gravação mostra que o pai deu um remédio para acalmar o filho.
Bernardo Boldrini, de 11 anos, desapareceu em abril de 2014, em Três Passos. O corpo do menino foi encontrado 10 dias depois enterrado em uma cova, em Frederico Westphalen. Segundo a polícia, Bernardo recebeu da madrasta uma dose letal do sedativo midazolan. A receita estava assinada pelo pai.
Segundo a defesa, a assinatura é falsa e o resultado da perícia foi inconclusivo. "Só se demonstrou desamor, falta de atenção, falta de carinho, falta de afeto, mas há uma distância abismal entre ser um mau pai e ser um assassino e querer a morte do filho", afirmou Ezequiel Vetoretti, advogado do réu.
Em março de 2019, o júri condenou o pai, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, a amiga dela Edelvania Wirganovicz, e o irmão da amiga, Evandro Wirganovicz. A pena do pai foi fixada em mais de 33 anos de prisão, mas o julgamento do médico foi anulado.
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