Levantamento mostra que 30% das cidades brasileiras estão com déficit nas contas públicas
Dados obtidos com exclusividade pelo SBT sinalizam recuperação em 2024, mas indicam desafio de futuros prefeitos para cumprir promessas de campanha
Um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostra que 30% das cidades brasileiras estavam com déficit nas contas públicas, até o mês de agosto deste ano. Os dados, obtidos com exclusividade pelo SBT Brasil, indicam uma recuperação de parcela dos municípios endividados, que representavam 49% até 2023 - maior percentual em 8 anos -, mas alertam para os desafios dos futuros prefeitos para equilibrar as contas e cumprir promessas de campanha.
"Estão gastando muito mais do que estão arrecadando. De todas as arrecadações, transferência e tudo mais, tanto vinculada como não vinculada. Essa situação fiscal aponta para uma situação muito complexa e complicada, até porque estamos chegando ao final do ano, tem muitas despesas que vão surgir agora, ou seja, décimo terceiro, férias antecipadas... então, é muito delicada a situação", explicou Paulo Ziulkoshi, presidente da Confederação Nacional dos Municípios.
Ziulkoshi destacou ainda que os eleitores devem se atentar às contas das cidades onde moram para saber se as promessas de campanha têm como serem cumpridas. "Quando a pessoa promete uma coisa, tem que ir atrás para ver se ela vai poder cumprir. Não é depois dizer que pude ou não cumprir. Não tem almoço graça, alguém tem de pagar isso", acrescentou o presidente do CNM.
Para o especialista em contas públicas Raul Velloso, se o candidato promete demais e não trata das dívidas, é melhor desconfiar. "Se perceber que o valor é muito elevado, que a conta está muito alta, tem que vir a pergunta seguinte: o que você, se for eleito, vai fazer para zerar esse déficit que a prefeitura já está enfrentando? Até tem que ouvir e, de preferência, perguntar a alguém da área, que entenda mais do assunto do que o eleito, porque isso tudo é tecnicamente complexo, mas é uma coisa assim: receita e despesa", alesta o especialista.