Candidatos debateram para as próprias torcidas, diz cientista político
Para Tiago Valenciano, Lula e Bolsonaro não foram eficientes na conquista de indecisos
Os candidatos à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), fizeram um debate com falas voltadas para as próprias torcidas neste domingo (16.out). Com ataques e trocas de acusações, os presidenciáveis que disputam o segundo turno deram a tônica do que será a campanha até o dia 30 de outubro.
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"Para o eleitor mais crítico, o debate deixou um pouco a desejar. [...] Me parece que os candidatos fizeram um debate para gerar aqueles famosos cortes para as redes sociais. Quem acompanhou o debate defendendo o Lula, vai dizer que ele ganhou; quem acompanhou defendendo o Bolsonaro, vai dizer que ele foi o vencedor do debate", afirma o cientista políco Tiago Valenciano. "O eleitor mais fanático de Bolsonaro queria que ele provocasse o Lula para tirá-lo do sério, quem é mais fanático do Lula, queria exatamente o inverso", destaca.
Em entrevista ao Agenda do Poder desta 2ª feira (17.out), Valenciano explicou que o primeiro debate presidencial do segundo turno serviu para falar com os eleitores mais engajados que já sabem o porquê de votar em cada candidato. Para a conquista de indecisos, no entanto, o debate não foi tão eficiente.
"Ambos saíram da mesma forma que entraram. Acredito que os dois candidatos saíram praticamente iguais àquilo que poderiam trazer em relação aos indecisos. O indeciso, por si só, estava querendo ouvir algo diferente dos dois, e teve que filtrar muito bem a linha do debate para daí conseguir tirar algo de proveitoso", afirma o especialista.
Um dos temas decisivos e abordados no debate foi a relação do Executivo com o Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro se comprometeu a não ampliar o número de cadeiras no Supremo, ao ser questionado. Disse que atualmente o PT tem sete ministros na Corte que foram indicados em seus governos e que ele indicou dois. Se reeleito vai indicar mais dois, passará a ter quatro nomes indicados e o PT terá cinco. "Um equilíbrio."
Lula afirmou que "tentar mexer na Suprema Corte para colocar amigo é um atraso, um retrocesso que a República brasiliera já conhece muito bem e eu sou contra".
"O Bolsonaro nesses quatro anos e teve uma relação muito litigiosa com o STF. Esse tema, ele frequentou recentemente e se tornou prioritário em relação à escolha dos candidatos do Legislativo, por exemplo. Isso significa que o movimento de colocar o STF em debate trouxe de fato um tema importante para a pauta política do Brasil", explica Valenciano. "Manter a estabilidade institucional nacional pode ser um fator ou um peso preponderante para a escolha do eleitor agora no segundo turno", ressalta.