Tarifaço: taxa imposta por Trump ao Brasil é "injustificada" para 62%, diz pesquisa AtlasIntel
Mais da metade de entrevistados acha que governo Lula deve retaliar os EUA; imagem de mandatário norte-americano é negativa para 63%

Felipe Moraes
A tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos do Brasil é considerada "injustificada" para 62,2% dos brasileiros, segundo pesquisa AtlasIntel em parceria com a Bloomberg divulgada nesta terça-feira (15). Já quem achou a taxação "justificada" atingiu 36,8%, enquanto 1% não soube responder.
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Percentuais mudam a depender do recorte utilizado pelo levantamento, como gênero, preferência política, região e religião.
AtlasIntel: "Tarifa de 50% sobre produtos brasileiros é justificada ou injustificada?"
Gênero
- Homens: 53,2% (injustificada) x 45,2% (justificada);
- Mulheres: 70,8% (injustificada) x 28,9% (justificada).
Eleitor de Lula ou Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2022
- Lula: 97,2% (injustificada) x 2,8% (justificada);
- Bolsonaro: 8,5% (injustificada) x 89% (justificada);
- Voto branco ou nulo: 81,1% (injustificada) x 18,6% (justificada);
- Não votei: 97,8% (injustificada) x 2% (justificada).
Região
- Nordeste: 71,8% (injustificada) x 28,2% (justificada);
- Sul: 69,6% (injustificada) x 30% (justificada);
- Sudeste: 59,1% (injustificada) x 39,3% (justificada);
- Centro-Oeste: 47,8% (injustificada) x 51% (justificada);
- Norte: 57,5% (injustificada) x 42,5% (justificada).
Religião
- Católicos: 66,9% (injustificada) x 32,1% (justificada);
- Evangélicos: 44,9% (injustificada) x 53,1% (justificada);
- Outras religiões: 64,5% (injustificada) x 35% (injustificada).
A pesquisa AtlasIntel sobre tarifaço de Trump e outros temas foi realizada entre 11 e 13 de julho, com 2.841 pessoas com mais de 16 anos. Margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e nível de confiança chega a 95%.
Motivos para taxação, reação do governo Lula e impactos
O levantamento da AtlasIntel perguntou a entrevistados sobre possíveis motivos que levaram Trump a taxar exportações brasileiras em 50%. Para 40,9%, foi uma retaliação dos EUA à participação do Brasil no Brics, bloco que reúne outras grandes economias emergentes, como China, Índia e Rússia, e que tenta se fortalecer em meio à guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos.
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Já 36,9% acreditam que taxação ocorreu por causa de atuação da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) junto a Trump.

Vale lembrar que o "filho 03" do ex-presidente, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), se mudou para os EUA em março, tentando articular ações a favor do pai, réu por tentativa de golpe de Estado, e contra decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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A reação do governo Lula também foi avaliada na pesquisa: 44,8% acham adequada. O presidente assinou nesta terça decreto da Lei de Reciprocidade e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) anunciou para hoje reuniões com representantes da indústria e do agronegócio.
Encontros fazem parte do comitê montado pelo Executivo com empresários e setor produtivo para pensar estratégias e alternativas.

A opinião popular é mais dividida quanto à pergunta sobre se justificativas usadas por Trump para a taxação, que incluem suposta perseguição política do STF a Bolsonaro, "configuram ameaça à soberania brasileira": 50,3% acham que sim, 47,8% acreditam que não e 1,8% não soube responder. Argumento em defesa da soberania nacional tem sido usado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo alto escalão do governo.
Já em relação a consequências da tarifa de 50%, 48,6% acham que impacto será alto, enquanto 30,8% consideram baixo e 14,9% avaliam como muito alto.

Retaliar ou não os EUA, possíveis medidas e imagem de Trump: outros dados da pesquisa





