Governo reunirá indústria e agro para discutir tarifa de Trump na terça-feira, diz Alckmin
Vice-presidente afirma que encontros serão os primeiros realizados pelo comitê interministerial criado por Lula

Jessica Cardoso
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou nesta segunda-feira (14) que o governo federal realizará na terça-feira (15) as primeiras reuniões com representantes do setor privado para discutir a tarifa de 50% imposta sobre produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo Alckmin, esses encontros fazem parte das primeiras ações do comitê interministerial criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar do tema. A formalização do grupo será incluída no decreto presidencial que regulamentará a Lei de Reciprocidade Econômica, com publicação prevista para esta segunda-feira (14) ou terça-feira (15).
Pela manhã, às 10h, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) receberá setores industriais com maior relação comercial com os EUA, como aviação, aço, alumínio, celulose, máquinas, calçados, móveis e autopeças.
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Às 14h, será a vez do agronegócio, com representantes de segmentos como suco de laranja, carnes, frutas, mel, couro e pescado.
“Essas conversas serão apenas as primeiras. Vamos marcar também reuniões com empresas norte-americanas porque há integração das cadeias produtivas e com entidades do comércio Brasil-Estados Unidos”, disse Alckmin a jornalistas.
Durante sua declaração, o vice-presidente negou que o governo federal tenha pedido prorrogação de prazo ou feito proposta para reduzir a alíquota anunciada pelos EUA.
“O que estamos fazendo é ouvindo os setores mais envolvidos para o setor privado também participar e se mobilizar. [...] A responsabilidade é de todo empenho para rever essa questão porque ela é totalmente inadequada. O Brasil não tem superavit com os Estados Unidos”, disse.
Questionado se foi procurado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para tratar de uma proposta conjunta de negociação, Alckmin disse que ainda não. O território paulista é o maior exportador para os EUA e será dos mais prejudicados caso as tarifas de 50% entrem em vigor a partir de 1º de agosto.
“A mim, Tarcísio não procurou. Não vejo problema que haja reunião. Nós já vínhamos fazendo diálogo. Enviamos em 16 de maio uma proposta aos EUA [de negociação em relação ao comércio], algo confidencial, mas não foi respondida ainda”, afirmou.
Empresários pedem adiamento
Durante reunião de emergência nesta segunda-feira (14), representantes da indústria defenderam que a aplicação da tarifa de 50% seja adiada por pelo menos 90 dias. Eles afirmam que o prazo é necessário para avaliar melhor os impactos econômicos e buscar soluções diplomáticas que evitem prejuízos maiores.
O encontro foi convocado pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, e teve a participação da secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Lacerda Prazeres.
“Os participantes também destacaram a importância de conduzir o processo com prudência, equilíbrio e diálogo técnico, preservando os canais institucionais entre os dois países e reforçando a necessidade de cooperação para manter relações comerciais estáveis e previsíveis”, afirmou a CNI em nota.
Estimativas preliminares apresentadas na reunião apontam para a possível perda de 110 mil empregos, além de forte impacto negativo no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Tatiana disse que levará as ponderações do setor ao governo.