"Não existe discussão de mudar regime cambial nem de aumentar imposto", diz Haddad sobre alta do dólar
Após reunião com Lula, ministro da Fazenda afirmou que oscilações na moeda norte-americana fazem parte de um "processo de acomodação natural"
Warley Júnior
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, retomou as atividades nesta segunda-feira (6) após o cancelamento de suas férias. Em entrevista na portaria da pasta, ele analisou os impactos econômicos do final de 2024, incluindo alta do dólar e tensões globais, e falou sobre desafios do orçamento de 2025, tema central de uma reunião de hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto. Sobre cotação da moeda norte-americana, descartou mudança no regime cambial ou aumento de impostos, como IOF.
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Segundo Haddad, o mercado global enfrentou turbulências significativas nos últimos meses de 2024, o que repercutiu na economia brasileira. "Nós tivemos um estresse no final do ano passado no mundo todo. Tivemos um estresse também aqui no Brasil", afirmou. Ele explicou que alta do dólar faz parte de um "processo de acomodação natural".
Citando Donald Trump, Haddad mencionou que mudanças em discursos políticos globais podem influenciar a dinâmica dos mercados. "Hoje mesmo, o presidente eleito dos Estados Unidos deu declarações moderando determinadas propostas que foram feitas ao longo da campanha", disse.
"Mas não existe discussão de mudar regime cambial nem de aumentar imposto com esse objetivo", assegurou, descartando subir Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Ajustes no orçamento e planejamento para 2025
Um dos temas principais da reunião com Lula foi o orçamento. Haddad afirmou que o início do ano apresenta desafios adicionais para a execução financeira devido à necessidade de aprovação do orçamento pelo Congresso Nacional.
O ministro enfatizou que o orçamento está sendo alinhado ao novo arcabouço fiscal e às leis aprovadas no final de 2024. "Nós temos que discutir, falar com o relator para ajustar o orçamento às perspectivas do arcabouço fiscal e das leis que foram aprovadas no final do ano passado", revelou. Ele também sinalizou que, após a eleição das novas mesas do Congresso, as discussões sobre as metas fiscais devem avançar.
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Apesar das dificuldades, Haddad descartou restrições no início do ano. "Não, a princípio não tem uma regra para isso", disse, ao comentar sobre possíveis limitações na execução orçamentária enquanto aguarda a aprovação do texto pelo Legislativo.
Por fim, Haddad reiterou que a recomposição da base fiscal do Estado brasileiro segue sendo tratada com responsabilidade, por meio de propostas que estão sendo debatidas pelo Legislativo. "Nós estamos recompondo a base fiscal do Estado brasileiro pelas propostas que estão sendo endereçadas no Congresso Nacional", afirmou.
Com a programação estratégica em andamento, o ministro destacou a importância de organizar as bases econômicas para garantir que 2025 seja um ano de avanços concretos, tanto para o governo quanto para o país. "A programação do ano, a pauta dentro e fora do governo, pauta legislativa e a questão do orçamento" foram os assuntos da reunião, concluiu.