Moraes autoriza investigação sobre possível uso de informação privilegiada no dia do tarifaço de Trump
Investigação terá como alvo transações atípicas com dólar antes do anúncio das tarifas contra o Brasil

Murillo Otavio
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (22) a abertura de um inquérito para apurar suspeitas de uso de informação privilegiada no mercado financeiro no dia em que os Estados Unidos anunciaram a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
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A decisão atende a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), que apontou indícios de negociações suspeitas com dólares realizadas horas antes do anúncio oficial das sanções comerciais. Ou seja, houve aquisição de dólares em grande quantidade enquanto a cotação ainda estava baixa. Com o anúncio do tarifaço por Donald Trump, a moeda americana se valorizou, o que pode ter gerado lucros elevados para os envolvidos.
A operação busca identificar se houve benefício financeiro obtido por meio de acesso indevido a informações sigilosas. Com isso, a AGU solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que acolha a notícia de fato e inicie a investigação formal.
De acordo com a AGU, as operações podem configurar o crime de insider trading, quando alguém obtém lucro utilizando informações confidenciais que ainda não foram divulgadas ao público.
Na decisão, Moraes cita ainda uma postagem do investidor Spencer Hakimian, fundador da Tolou Capital, que sugeriu que alguém teria antecipado o anúncio das sanções e lucrado entre 25% e 50% com operações realizadas em um intervalo de apenas três horas.
A investigação tem como objetivo esclarecer se pessoas físicas ou jurídicas acessaram, de forma indevida, informações econômicas relevantes para obter vantagens no mercado. Caso as suspeitas se confirmem, os envolvidos poderão responder criminalmente.
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