Bolsonaro exibe tornozeleira pela primeira vez após reunião do PL na Câmara
Confusão marcou saída do ex-presidente na Câmara; mesa de vidro no Salão Verde foi quebrada durante tumulto
Jessica Cardoso
Soane Guerreiro
Márcia Lorenzatto
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mostrou pela primeira vez, nesta segunda-feira (21), a tornozeleira eletrônica que passou a usar na sexta-feira (18) por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Após reunião e coletiva de imprensa do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados, Bolsonaro classificou a medida como sua “máxima humilhação”.
“Não roubei ninguém, não roubei os cofres públicos, não matei ninguém, não trafiquei ninguém. Isso aqui é o símbolo da máxima humilhação nesse país. Eu sou uma pessoa inocente. É uma covardia o que estão fazendo com um ex-presidente da República”, declarou a jornalistas.
Até então, Bolsonaro havia se recusado a exibir o equipamento, alegando constrangimento. O ex-presidente também posou para fotos com apoiadores, como os deputados federais Maurício do Vôlei (PL-MG) e André Fernandes (PL-CE), mostrando a tornozeleira. Os registros foram publicados nas redes sociais.
Ao sair da Câmara, Bolsonaro foi escoltado por seguranças em meio a gritos de “mito” e “volta Bolsonaro”. O tumulto foi tão grande que uma mesa de vidro no Salão Verde acabou quebrada durante a movimentação e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) se feriu no rosto após ser atingido próximo ao olho enquanto dava entrevista.
Segundo a assessoria do deputado, não se sabe se o objeto que o acertou era um celular ou uma canopla de microfone, mas o impacto causou um corte que sangrou. Ele foi atendido por socorristas da Casa, que fizeram um curativo no local.
Em vídeo publicado nos stories do Instagram, Nikolas tranquilizou os seguidores. “Está tudo bem. Não vi de fato o que aconteceu. Não sei se foi proposital ou se foi sem querer, mas na confusão ali senti como se fosse um celular batendo em mim”, disse.
Bolsonaro esteve no Congresso nesta segunda-feira (21) para participar de uma coletiva de imprensa promovida por deputados do PL que buscavam manifestar apoio em sua defesa após a operação da Polícia Federal e a determinação de medidas cautelares.
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No entanto, ele desistiu de discursar depois que o ministro Alexandre de Moraes esclareceu que a proibição de uso das redes sociais também inclui “qualquer transmissão, retransmissão ou publicação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em perfis de terceiros”, impedindo que Bolsonaro utilize esses meios para burlar a medida.