Inadimplência quebra recorde histórico pelo terceiro mês consecutivo
Levantamento da CNC apontou que 30,5% dos consumidores brasileiros estão com contas em atraso


Camila Stucaluc
O número de brasileiros que deixam de pagar as dívidas no prazo voltou a subir em outubro. É o que mostra a nova pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que contabilizou 30,5% de inadimplentes no mês – maior patamar desde 2010, início da série histórica da pesquisa.
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Em relação ao endividamento, o percentual também aumentou, chegando a 79,5% das famílias em outubro. Com isso, os consumidores acabaram aumentando o tempo de suas dívidas atrasadas: 49,0% estão inadimplentes por mais de 90 dias, maior nível desde dezembro de 2024 (49,2%).
Mesmo com o maior parcelamento do endividamento, o percentual dos consumidores que têm mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas aumentou pelo segundo mês, de 18,8% para 19,1%. A maior parte das famílias (56,3%), contudo, segue com 11% e 50% da renda comprometida.
Segundo os dados, o cartão de crédito segue como o principal meio de endividamento dos brasileiros (mais de 80%). Em seguida, aparecem os carnês, o crédito pessoal, o financiamento de casa, o financiamento de carro e o crédito consignado.
Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o avanço da inadimplência sinaliza que o atual nível de endividamento começa a ultrapassar o limite da capacidade de pagamento das famílias. “É um alerta para a necessidade de ajustes, principalmente na área fiscal, para que os resultados de 2025 não se repitam ou se agravem ainda mais em 2026”, aponta.
Desafios para o trimestre mais promissor
Com a chegada das promoções de novembro, que culminarão na sexta-feira (28), apelidada de Black Friday, o comércio tende a reagir. Já no último mês do ano, as celebrações vinculadas à tradição de presentear, em especial o Natal, devem impulsionar as vendas em diversos setores.
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“Nem mesmo o bom momento do mercado de trabalho tem sido suficiente para conter o avanço na inadimplência, tamanho o patamar atual dos juros. Nesse cenário, o comércio já sente desaceleração das vendas, uma vez que as famílias se veem obrigadas a promover ajustes no orçamento para se adaptar a essa realidade”, diz o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.









