Guerra comercial entre EUA e China pode beneficiar economia brasileira, diz especialista
Potências econômicas trocaram imposição de tarifas sobre produtos e ameaçam escalar embate; China afirma que vai investigar a big tech americana Google
Lara Curcino
Jésus Mosquéra
A explosão de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China, duas das maiores potências econômicas mundiais, tem provocado preocupação global pelo impacto financeiro que deve ir muito além os dois países. A troca de imposição de tarifas provocou reações nas bolsas de valores ao redor do globo e oscilações no dólar, nesta terça-feira (4).
Mas como o Brasil pode ser afetado pelo embate? Para a economista Cristina Helena de Mello, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a guerra comercial, por um lado, pode ser benéfica para a economia brasileira.
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“Esse tipo de retaliação prejudica o comércio do mundo, então prejudica também o Brasil. Só que a China é um parceiro comercial significativo para nós, porque somos grandes compradores e exportadores de lá. E fechar o mercado americano para os chineses pode levá-los a olhar com mais interesse para o Brasil e para a América Latina, então pode criar uma condição de favorecimento para nós”, analisou a especialista, em entrevista ao programa Poder Expresso, do SBT News.
Cristina Helena pontuou, porém, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve adotar ações para impedir que suas tarifas à China impulsionem acordos comerciais de Pequim com outros países.
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“Não há dúvidas de que Trump busca defender seus próprios interesses e não nos deixará construir um relacionamento cada vez mais sólido com a China, em lugar de ampliar as nossas negociações com os Estados Unidos. É um jogo que se desenha passo a passo e pode seguir diferentes caminhos”, ressaltou ela.
Guerra comercial
O Ministério das Finanças da China anunciou, também nesta terça, novas tarifas sobre importações dos Estados Unidos. Segundo a pasta, os itens afetados serão o carvão e o Gás Natural Liquefeito (GNL), taxados a 15%, bem como o petróleo bruto, máquinas agrícolas e automóveis de grande porte, taxados a 10%.
As novas tarifas começam a valer a partir da próxima segunda-feira (10). Em comunicado, o governo informou que a medida ocorre em resposta às tarifas de 10% sobre produtos chineses, determinadas no último sábado (1º) pelo presidente Donald Trump.
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Além das novas taxas, a Administração Estatal de Regulamentação do Mercado da China disse que irá iniciar uma investigação contra a Alphabet Inc, dona do Google. A suspeita é que a empresa esteja violando as leis antitruste – que regulam a conduta e a organização de negócios para promover a concorrência e evitar monopólios.
Na mesma linha, o Ministério do Comércio colocou duas empresas americanas em uma lista de entidades não confiáveis: o PVH Group, dono da Calvin Klein e da Tommy Hilfiger, e a empresa de biotecnologia Illumina. A medida impede as instituições de importar ou exportar itens relacionados à China e de fazer novos investimentos no país.
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As tarifas impostas pelos Estados Unidos também afetariam o México e o Canadá, mas, após acordos, Donald Trump decidiu pela suspensão das taxações por 30 dias a ambos os países.