Qual é seu tipo de ansiedade? Pesquisa mostra como driblar desconforto com atenção plena; entenda
Também conhecido como mindfulness, prática envolve prestar atenção ao momento presente com aceitação e sem julgamentos; veja como fazer

Wagner Lauria Jr.
Se o coração dispara diante de uma mensagem, se a mente não desacelera nem no fim de semana ou se o noticiário te deixa num estado constante de alerta, você não está sozinho. A ansiedade é uma presença marcante na vida moderna, mas uma prática milenar, a atenção plena, pode ser uma aliada poderosa para enfrentá-la. É o que propõe pesquisa publicada na revista Neuroscience and Biobehavioral Reviews.
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No entanto, a nova abordagem proposta por Resh Gupta, pesquisadora de pós-doutorado do grupo Mindfulness Science and Practice da Universidade Washington em St. Louis e seus colegas, Todd Braver, professor de ciências psicológicas e cerebrais, e Wendy Heller, professora de psicologia da Universidade de Illinois, destaca a importância de personalizar o uso da atenção plena de acordo com o perfil da ansiedade.
"Todos nós sentimos ansiedade, mas ela pode se manifestar de muitas maneiras diferentes", ressalta Resh Gupta.
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Foco no agora, alívio na mente
A prática básica de mindfulness envolve prestar atenção ao momento presente com aceitação e sem julgamentos. Ela já é conhecida por seu potencial de reduzir sintomas de ansiedade, melhorar o foco e promover o bem-estar emocional. Mas os pesquisadores investigaram como diferentes estilos de atenção plena interagem com mecanismos cognitivos ligados à ansiedade.
No centro da discussão está o chamado controle cognitivo, a capacidade do cérebro de direcionar pensamentos e ações de forma alinhada a objetivos.
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"Mindfulness e ansiedade têm efeitos opostos nesse sistema. Enquanto a prática da atenção plena melhora o controle cognitivo, a ansiedade tende a prejudicá-lo, especialmente quando está ligada à preocupação constante, que ocupa espaço na memória de trabalho do cérebro", explica Gupta.
Os benefícios foram observados com 10 minutos de prática.
Qual prática para cada tipo de ansiedade?
A grande contribuição da pesquisa é destacar quais práticas específicas de atenção plena podem ser mais eficazes dependendo do tipo de ansiedade. Confira as recomendações:
1. Preocupações excessivas e ansiedade mental
Para pessoas que passam muito tempo presas em pensamentos ansiosos, ruminando problemas futuros ou revisando situações passadas, a recomendação é a atenção focada.
"Essa prática ensina a escolher uma âncora, como a respiração ou um som, e sempre trazer a atenção de volta a ela quando a mente divaga", aponta Gupta. "Isso ajuda a quebrar o ciclo da preocupação e reconectar com o presente."
2. Hipervigilância e sintomas físicos de ansiedade
Pessoas que vivem em estado de alerta constante e apresentam sintomas físicos intensos – como batimentos cardíacos acelerados, suor nas mãos ou tensão no peito: elas podem se beneficiar mais do monitoramento aberto.
Essa técnica é especialmente útil para quem tem dificuldade em "desligar" do ambiente ao redor ou do próprio corpo, pois favorece a aceitação da experiência sem aumentar a reatividade emocional.
"Em vez de focar em um único objeto, o monitoramento aberto convida a observar todas as experiências, internas e externas, com curiosidade, sem reagir ou julgar", explica Gupta.
O estudo contou com apoio do grupo Mindfulness Science and Practice e da Incubadora de Futuros Transdisciplinares da Washington University em St. Louis.
*Com informações do Futurity