Família denuncia troca de corpos em IML de São Paulo
Corpo de Igor Henrique, de 27 anos, foi entregue para outra empresa funerária e levado para cemitério em Santo André (SP), onde foi enterrado com outro nome
Alvaro Nocera
Emanuelle Menezes
A família de Igor Henrique Barbosa Cruz, que morreu após um acidente de carro na Zona Leste de São Paulo, neste domingo (1º), denunciou que o corpo do jovem foi trocado pelo Instituto Médico Legal (IML) Leste. Ele teria sido enterrado com o nome de outro homem, em um cemitério de Santo André, no ABC Paulista.
Igor, de 27 anos, dirigia um Gol prata na madrugada de domingo quando colidiu contra uma árvore na Avenida Renata, na Vila Formosa, bairro da Zona Leste da capital paulista. Ele ficou preso às ferragens e chegou a ser socorrido para o Hospital Municipal do Tatuapé, mas morreu.
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O corpo dele foi levado para o IML Leste, no bairro Artur Alvim. Na noite de domingo, a empresa funerária contratada pela família para realizar o velório e sepultamento do rapaz foi informada por funcionários do instituto que o corpo já havia sido liberado para outra empresa. No local, os parentes de Igor foram orientados a irem embora e aguardarem um contato da instituição, que retornaria quando o corpo fosse localizado.
Depois, uma supervisora da funerária contratada pelos parentes de Igor foi informada por um funcionário do IML que o corpo do jovem havia sido trocado com o de outro homem e levado para um cemitério em Santo André. O corpo de Igor foi enterrado no local.
Em entrevista ao Alô Você, a tia do jovem, Cibele Rodrigues, afirmou que a situação é um descaso. "É um desrespeito com o meu sobrinho e com toda a nossa família", disse. Até agora, segundo ela, os parentes não foram informados pelo IML sobre como a troca será desfeita.
O caso foi registrado no 24º Distrito Policial, da Ponte Rasa, como vilipêndio de cadáver (desrespeitar, ridicularizar ou ofender a honra de um corpo de pessoa morta, ou suas cinzas). Segundo a Polícia Civil, atos graves de negligência (como extravio, troca ou abandono) podem ser enquadrados no crime, já que representam "afronta à dignidade do falecido e sofrimento adicional à família".
Procurado pelo SBT News, o IML Leste afirmou que lamenta o ocorrido, ocasionado por uma "falha humana". Segundo o instituto, a troca não pode ser desfeita de imediato porque, ao ser percebida, uma dos corpos já havia sido sepultado. Para ocorrer a exumação do corpo, é preciso uma autorização judicial.
No momento, aguardam autorização judicial para exumar o corpo e entregá-lo à família. O IML ressalta que o caso está sendo apurado e foi um episódio isolado.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) ainda não se manifestou sobre o ocorrido. O IML pertence à Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC), subordinada à Secretaria de Segurança Pública.