Cresce pressão em Brasília para reverter aumento do IOF que encarece crédito para empresas
Após reunião com a Febraban, governo discute com Congresso alternativas para evitar alta do imposto que impacta o setor produtivo
SBT Brasil
Após se reunir com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve se encontrar com os presidentes da Câmara e do Senado. Nos bastidores, integrantes do governo admitem estudar alternativas para revogar a elevação do imposto.
Os presidentes dos maiores bancos privados do Brasil apresentaram a Haddad os impactos negativos da alta do IOF. A Febraban levou ao governo propostas para compensar a perda de arrecadação sem precisar elevar o imposto.
"Nós trouxemos alternativas de fontes de receitas e de redução de despesas. Nós não iremos detalhar agora essas alternativas porque elas serão debatidas, detalhadas tecnicamente entre a Febraban e o Ministério da Fazenda", afirmou Isaac Sidney, presidente da Febraban.
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O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, reforçou que o governo mantém diálogo aberto.
"A gente segue em diálogo para estudar, entender o que a gente tem de alternativa e poder tomar uma decisão no momento seguinte", destacou.
A reação do setor privado também chegou ao Congresso Nacional. Representantes da indústria, do comércio e do agronegócio pressionam parlamentares pela revogação do decreto que, segundo eles, aumenta o custo das empresas e reduz a competitividade do país.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o custo adicional para as empresas pode chegar a R$ 39 bilhões em 2026.
"O impacto direto é o aumento do custo de crédito. Ou seja, é o aumento da taxa de juros que as empresas pagam quando elas se financiam. Esse aumento de custo tira a competitividade das nossas empresas. Menos emprego, menos renda, menos produção na economia brasileira em benefício de produtos importados, que sequer têm impostos como o IOF na maioria dos países que competem conosco", explicou Mário Sérgio Telles, diretor de Economia da CNI.
Sérgio Lúcio de Andrade, empresário do setor de autopeças e veículos há 40 anos, detalha como a alta do IOF nos empréstimos afeta os negócios.
"O crédito no banco ficou extremamente alto. O cidadão já tem um juro que vai entre 3% até 4% em operações de crédito no banco. Com mais 3,5% de IOF, praticamente se torna inviável qualquer tipo de operação financeira no banco", afirmou.
Segundo o empresário, o aumento de custos para o consumidor será inevitável.
"Obviamente o empresário vai buscar alternativas para poder chegar no consumidor para que ele venha a comprar. Mas tanto ele está com dificuldade, como também o empresário tem dificuldade de não repassar esse custo, tendo em vista que a carga tributária já é muito pesada", concluiu.