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Economia

Como tarifa de 50% de Trump afeta as exportações brasileiras?

Mercado dos Estados Unidos é o segundo principal destino das vendas externas do Brasil, mas alguns segmentos devem ser mais prejudicados que outros; entenda

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma taxa tarifária de 50% para todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, levantando a possibilidade de um corte drástico nas exportações do Brasil.

O mercado norte-americano é o segundo principal destino das vendas externas do Brasil, atrás apenas da China, com o petróleo tendo a maior participação em receita nas vendas para os EUA.

Além disso, os norte-americanos estão entre os mais relevantes para bens manufaturados brasileiros, de maior valor agregado, como aeronaves, autopeças e máquinas.

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A imposição das tarifas por Trump tem potencial de provocar queda de bilhões de dólares nas exportações brasileiras, sem considerar eventuais concessões setoriais, de acordo com analistas.

Segundo uma análise do banco BTG Pactual, a tarifa anunciada não será cumulativa aos 25% aplicados a automóveis e peças, nem aos 50% sobre aço e alumínio.

Produtos sob investigação da Seção 232, como semicondutores, minerais críticos e produtos farmacêuticos, continuarão isentos. O banco citou que a isenção também inclui petróleo e derivados.

Veja abaixo os totais exportados pelo Brasil aos EUA em 2024:

Café

O Brasil, maior exportador mundial de café, tem os EUA tradicionalmente como principal destino do grão produzido no país, com as exportações no ano passado representando quase US$ 2 bilhões (R$ 11 bilhões). Esse montante representa 16,7% do total embarcado pelo Brasil.

No caso do café, haveria uma compressão de margens de lucro para o setor e encarecimento do produto aos consumidores dos EUA, segundo a consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio.

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) concorda que o consumidor de café dos EUA será onerado com a tarifa de 50%.

Carne

Os Estados Unidos são o segundo maior mercado para a carne bovina do Brasil. No ano passado, de acordo com dados da Abrafrigo, os EUA aumentaram a participação no volume exportado pelo país para 16,7%, ou 532.653 toneladas, gerando uma receita para exportadores brasileiros de US$ 1,637 bilhão (R$ 9 bilhões).

Em relatório, a Minerva estimou um impacto potencial máximo ao redor de 5% de sua receita líquida, com base nos embarques brasileiros sujeitos à nova política de Trump.

Outras companhias do setor, como JBS e Marfrig, possuem grande parte de suas operações nos EUA.

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Laranja

Na safra 2024/25, encerrada em 30 de junho, os EUA representaram 41,7% das exportações brasileiras de suco de laranja, somando US$ 1,31 bilhão (R$ 7,27 bilhões) em faturamento, conforme dados do governo consolidados pela CitrusBR.

A tarifa de 50% representa um aumento de 533% sobre os US$ 415 (R$2.300) por tonelada que já eram cobrados sobre o produto brasileiro.

"Trata-se de uma condição insustentável para o setor, que não possui margem para absorver esse tipo de impacto", afirmou a CitrusBR, notando que outros importadores não conseguiriam absorver os excedentes não embarcados aos EUA.

No suco de laranja, a consultoria Cogo prevê queda "drástica" na competitividade brasileira e "risco à cadeia citrícola", que tem nos EUA o segundo principal destino.

Petróleo

As exportações brasileiras de petróleo aos EUA renderam ao país US$ 5,8 bilhões (R$ 32 bilhões) em 2024, ou cerca de 13% de tudo que o Brasil exportou desta commodity no ano passado, segundo dados do governo compilados pela consultoria StoneX.

No caso de o petróleo ser incluído na tarifa de 50%, ainda assim a perda seria relativamente "modesta" para o Brasil, segundo o BTG, já que o setor conta com maior flexibilidade comercial e capacidade logística para redirecionar embarques a outros mercados.

No primeiro trimestre, os EUA foram destino de 4% do petróleo exportado pela Petrobras e de 9% no período anterior, segundo dados da empresa. Em derivados, a petroleira estatal teve os EUA como segundo principal destino, com uma fatia de 37%.

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Aeronaves

As exportações de aeronaves aos EUA, notadamente aviões, renderam ao país US$ 2,4 bilhões (R$ 13 bilhões), representando cerca de 63% do total exportado pelo Brasil, conforme o BTG. A Embraer é a empresa com maior exposição nas exportações.

Semifaturados de Ferro ou Aço

Os produtos semifaturados de ferro ou aço registraram exportações aos EUA de US$ 2,8 bilhões (R$ 15 bilhões) , com a participação dos norte-americanos nas vendas totais somando mais de 70%, segundo análise do BTG.

Materiais de construção

O Brasil exportou o equivalente a US$ 2,2 bilhões (R$ 12 bilhões) desses produtos aos EUA, com o país norte-americano também registrando uma fatia elevada do total, cerca de 58%.

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Madeira

Os produtos de madeira tiveram exportações de US$ 1,6 bilhão (R$ 8 bilhões) para os EUA em 2024, com os norte-americanos respondendo por mais de 40% do total exportado pelo Brasil.

De acordo com a Cogo Inteligência em Agronegócio, produtos florestais do Brasil são exemplo daqueles que perderiam competitividade para outras nações, como Canadá, Chile e União Europeia.

A Suzano, gigante do setor de celulose, com cerca de 15% de suas receitas nos EUA, poderia enfrentar algumas dificuldades no curto prazo, mas a companhia se beneficia de ter baixos custos, flexibilidade para realocar volumes e escala global, segundo relatório do Citi.

Máquinas e Motores

A indústria de motores, máquinas e geradores exportou US$ 1,3 bilhão (R$ 7 bilhões) aos EUA no ano passado, com esse segmento de manufaturados respondendo por mais de 60% de tudo o que o Brasil exportou, segundo um quadro apresentado pelo BTG.

A medida é negativa para a brasileira WEG, afirmou o UBS BB em nota.

Eletrônicos

No caso dos eletroeletrônicos, o Brasil exportou US$ 1,1 bilhão (R$ 6 bilhões) para os EUA no primeiro semestre deste ano, com o mercado norte-americano sendo o principal destino das exportações do setor, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

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