Jogadora de futebol, filha de Mauricio de Sousa está de olho na Seleção
Marina Sousa divide o tempo entre o trabalho como roteirista da Turma da Mônica e as partidas como atacante do Pelado Real Futebol Clube, na zona oeste de São Paulo
Enquanto o Brasil goleava a Jamaica em Paris, pela estreia na Copa do Mundo de Futebol Feminino, uma torcedora especial fazia coro e acordava a casa na manhã de domingo (09) a cada gol da atacante Cristiane: Marina Sousa, 34 anos, goleadora com ótimos predicados técnicos, que não se aperta nas partidas do Pelado Real Futebol Clube, às segundas-feiras, ao lado de outras 14 jogadoras.
"Eu jogo futebol society há sete anos. Antes disso, mal sabia chutar uma bola. Aí recebi o convite de uma amiga da faculdade para me juntar a um time amador feminino. Foi paixão à primeira vista", conta.
Marina é filha de Mauricio de Sousa, de quem herdou a habilidade para os desenhos. Hoje, entre os vários roteiros que precisa aprovar diariamente no estúdio da família, ela também milita com afinco para a expansão do esporte mais popular do Brasil entre as mulheres. Uma tarefa prazerosa, levada com a mesma seriedade com que dribla as adversárias.
O jogo de cintura dentro da quadra também é usado para fugir do preconceito. Dono de duas medalhas olímpicas e um vice-campeonato mundial, o Brasil ainda caminha a passos vagarosos em busca do reconhecimento que todos esperamos. Uma trilha árdua e sem volta, que rompe barreiras importantes.
"Estou muito feliz de ver que o Mundial Feminino está tendo bastante visibilidade! Primeiro precisamos conscientizar toda a população que o futebol é um esporte para todos e TODAS. Não tem essa de esporte só para meninos. Eu sou daquelas que espera mudar uma sociedade agindo", garante.
A ação está no DNA de Marina, cuja participação no Pelado Real fez o clube de futebol feminino ser convidado a firmar parceria com o projeto Donas da Rua, uma campanha de empoderamento iniciada por Mônica Sousa, diretora executiva da Mauricio de Sousa Produções, e que nasceu com o objetivo de mostrar às mulheres que elas podem ser o que quiserem.Trabalho conjunto, em parceria com com a ONU Mulheres, braço da Organização das Nações Unidas para a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.
Nessa seara destaca-se o Soccer Camp Donas da Rua, o preferido de Marina, um "intensivão" de futebol exclusivo para garotas entre 6 e 14 anos, que em 2019 completa a quinta edição. Um final de semana de bola rolando, com direito a uniforme completo, alimentação e muito aprendizado; momentos que ultrapassam os campos de futebol e vão ao encontro dos valores pregados pela Turma da Mônica desde as primeiras tirinhas: o jogo limpo, e o respeito pelo próximo.
"É uma delícia ver garotas se entregando para o esporte sem medo de serem felizes", festeja.
Nos quadrinhos
Marina Sousa foi a inspiração para a personagem Marina, uma menina talentosa e inteligente, amiga da Mônica, da Magali e da Maria Cascuda, a namorada do Cascão.
Se na vida real Marina bate um bolão e está sempre atenta aos rumos do futebol feminino, nos quadrinhos não é diferente. Já que a palavra de ordem é igualdade e lá no bairro do Limoeiro, onde a Turma da Mônica mora, não há espaço para preconceitos, vez por outra a galera se reúne para um "contra" pra lá de especial.
"Eles jogam de vez em quando, rola até um futebol misto", diz.
A Marina dos gibis ficou famosa pelo lápis mágico que permite que ela desenhe o que quiser. Quando perguntamos à Marina jogadora o que ela gostaria de pintar, se pudesse, a resposta foi certeira: bolas de futebol para crianças carentes.
"Eu não sei se é a função do lápis mágico, mas desenhar bolas de futebol para as garotas que não têm dinheiro ou incentivo dos pais para jogar seria uma boa", sonha.
Nossa Seleção começou a Copa do Mundo com o pé direito. 3 a 0, sem chances para a Jamaica. Líderes do grupo C, Cristiane, Marta e companhia seguem firmes em busca do título inédito. Ligada em cada lance, Marina manda um último recado para as comandadas do técnico Vadão, antes da partida contra a Austrália, nesta quinta-feira (13).
"Mais do que sorte, eu desejaria que elas percebessem o quanto são admiráveis e guerreiras. Só estarem onde estão já é uma vitória", finaliza.
Marina Sousa, atacante, está de olho na Copa do Mundo - Crédito: Arquivo pessoal