Três meses após denúncias sobre insegurança na Ceagesp, crimes continuam a ser praticados
Funcionários relatam furtos, tráfico de drogas e falta de segurança dentro da central de abastecimento em São Paulo
Flavia Travassos
Thiago Dell'Orti
Cristian Mendes
Há três meses, o SBT Brasil exibiu uma série de reportagens mostrando problemas crônicos na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, a Ceagesp, entre eles a falta de segurança. Apesar das denúncias, os crimes continuam acontecendo.
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Eram vinte para as onze da manhã quando os funcionários de uma agência bancária localizada dentro da Ceagesp, na zona oeste da capital, foram rendidos por dois criminosos. Um deles usava peruca e estava armado. As imagens mostram o momento em que os dois deixam o local tranquilamente após a ação.
Os furtos também ocorrem nos boxes da Ceagesp. Funcionários denunciam que os crimes acontecem durante o dia, à noite e de madrugada. Ladrões invadem os estabelecimentos e levam tudo o que encontram pela frente.
"Mercadorias, celulares, o que eles veem fácil, eles levam", relatou um trabalhador que pediu para não ser identificado.
Um homem que trabalha na Ceagesp há quase dez anos diz que presenciou inúmeros furtos, e também foi vítima diversas vezes.
"Já fui furtado muitas vezes, às vezes até de madrugada. Eu vou abrir o box e tá faltando mercadoria. Depois vou olhar a filmagem e vejo que fui furtado, fico no prejuízo e nada acontece", conta.
Um dos ladrões flagrados por câmeras de segurança seria um pastor de uma igreja evangélica, segundo testemunhas. As imagens mostram o homem em ação e também pregando em um culto.
Funcionários denunciam que os criminosos fazem parte de diferentes quadrilhas. Muitos agem sob o efeito de drogas. Inclusive, o tráfico de entorpecentes também ocorre dentro da Ceagesp — e não é de hoje.
Na série “Depósito do Crime”, exibida pelo SBT Brasil em março, mostrou a venda de drogas em plena luz do dia. Traficantes vendiam maconha e cocaína na frente dos comerciantes, que reclamavam da falta de segurança. Três meses depois, a situação permanece a mesma.
"A gente paga pela segurança, mas a gente não tem", afirma um funcionário. "A Ceagesp tá uma terra sem lei", conclui outro trabalhador.