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Polícia

Fraude alimentar: alimentos descartados na Ceagesp são recolhidos do lixo e revendidos ilegalmente

Segunda reportagem da série exibida pelo SBT Brasil sobre a companhia de entrepostos de SP revela que produtos rejeitados vão parar até em restaurantes

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Alimentos descartados na Ceagesp são recolhidos de caçambas ou do chão para serem vendidos até a restaurantes | Reprodução
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Diariamente, toneladas de alimentos são descartadas dentro da Ceagesp, o maior entreposto do gênero na América do Sul, que fica em São Paulo. Frutas, legumes e verduras que não atendem aos padrões de comercialização são jogados fora, gerando um desperdício significativo. No entanto, uma investigação revelou que parte desses produtos não tem o destino esperado.

No meio da movimentação dos mais de 17 milhões de clientes que frequentam a central de abastecimento anualmente, há quem aproveite essa situação para obter lucro irregularmente. Pessoas recolhem alimentos diretamente do lixo, muitas vezes sem qualquer tipo de higienização adequada, e os revendem como se estivessem próprios para o consumo.

Leia também a 1ª reportagem da série Depósito do Crime: os problemas da CEAGESP revelados em série do SBT Brasil

Em uma das cenas flagradas, uma mulher que recolhe tomates do lixo admite: "Nem lava, só passa um pano. Se lavar, estraga!". Já um homem que comercializa esses produtos revela a negociação: "Quer levar tudo? Faço por 10 conto, 15 e 20". Questionado sobre o destino da mercadoria, ele responde: "Já vendi para um monte de restaurante".

O comércio dentro da Ceagesp exige que os vendedores sejam permissionários, ou seja, paguem uma taxa anual à companhia. No entanto, muitas pessoas ignoram essa exigência e vendem ilegalmente produtos retirados das caçambas de lixo.

A investigação também revelou que donos de restaurantes vão até a Ceagesp para recolher alimentos descartados. Um desses estabelecimentos, localizado em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo, recebe um grande fluxo de clientes. Quando questionada sobre a qualidade da comida, a dona do local garante: "Saladinha, tudo fresquinho". No entanto, imagens mostram que ela recolhe os produtos diretamente do chão da Ceagesp.

Outro flagrante mostra um homem que vai à Ceagesp quase todos os dias para negociar alimentos retirados do lixo. Ele compra os produtos de uma mulher que os guarda dentro de uma Kombi e confirma que tudo ali iria para o descarte: "O pessoal passa pra gente num preço mais em conta. Mas é alimento que iria pro lixo, que eles não conseguem mais vender".

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Além disso, a reportagem acompanhou o trajeto de uma caminhonete carregada com esses produtos até um restaurante em Santana, na zona norte de São Paulo. Ao ser confrontado com as imagens, o dono do estabelecimento nega saber da origem dos alimentos.

A Ceagesp informou que, no ano passado, doou cerca de 1.500 toneladas de alimentos ao Banco de Alimentos criado pela companhia há mais de 20 anos. O volume poderia ser maior caso os comerciantes adotassem práticas mais responsáveis.

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