Como crianças e adolescentes podem fazer o uso de telas corretamente? Veja recomendações
Governo lança nesta terça-feira (11) documento com orientações a famílias e educadores; entenda

Wagner Lauria Jr.
O governo federal apresenta, nesta terça-feira (11), um guia oficial para orientar o uso consciente de dispositivos eletrônicos, como celulares (smartphones) e tablets.
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A iniciativa surge em resposta ao aumento da presença digital na vida cotidiana, impulsionado pela pandemia da Covid-19 e é destinado a familiares, educadores e profissionais da saúde, além do setor empresarial, influenciadores digitais, escolas e sistemas de ensino. O objetivo é sugerir investimentos em ferramentas que protejam crianças e adolescentes e garantam um ambiente digital mais seguro.
O documento também busca embasar políticas públicas e alertar sobre os riscos associados ao ambiente digital, incluindo uso excessivo, exposição a conteúdo inadequado e crimes virtuais.
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Segundo o secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação da Presidência, João Brant, a elaboração do guia envolveu a análise de estudos internacionais e o levantamento de evidências científicas.
Confira as principais recomendações
- Crianças com menos de dois anos não devem ser expostas a telas;
- O uso de smartphones próprios não é recomendado antes dos 12 anos;
- Redes sociais devem respeitar a classificação etária indicada;
- O uso de dispositivos eletrônicos na adolescência (12 a 17 anos) deve ser acompanhado por responsáveis;
- Escolas devem avaliar criticamente a utilização de tecnologias na educação infantil, evitando o uso individual de celulares por crianças.
O guia também propõe a inclusão da educação midiática e digital nos currículos escolares, preparando crianças e adolescentes para interagir com o ambiente online de forma crítica e segura. Também destaca a necessidade de regulação das redes sociais para reduzir riscos sistêmicos e proteger o público infantojuvenil.
Quais são os riscos e desafios do uso digital?
- Exposição a conteúdo impróprio;
- Riscos à privacidade e cibersegurança;
- Cyberbullying e discursos de ódio;
- Predação sexual e exploração infantil;
- Dependência digital e impactos na saúde mental;
- Fake news e manipulação de informações;
- Jogos de aposta online e golpes financeiros.
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Tecnologia invade a infância
O uso de tecnologia entre os mais novos "invade" o período da infância e adolescência e devia ser regulado pelo Estado, com uma legislação que proponha limites do que poderia ou não ser consumido. É o que aponta Luci Pfeiffer, presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância e Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP),
"Hoje, qualquer um que tenha acesso a tela, a uma possibilidade de teclar, pode ter acesso a qualquer meio de autoagressão — até sobre suicídio", pontua
Ela ressalta que alguns conteúdos virtuais, apresentados como "desafios" e "brincadeiras perigosas", podem incentivar as crianças a se machucarem e, em alguns casos, levar à morte. Isso pode acontecer também na escola, onde a criança, na expectativa de pertencer a algum grupo, se submete a desafios que podem ser nocivos para sua saúde mental e física.
Os pais devem tomar cuidado redobrado com o conteúdo e as interações de crianças e adolescentes nas redes sociais. Uma das maiores dificuldades com a internet, segundo a especialista, é a identificação de agressores em potencial, já que muitos se escondem atrás do anonimato no mundo virtual.
Outros efeitos prejudiciais
- Desfavorece o diálogo;
- Dificulta a capacidade de leitura de textos mais longos;
- Aumenta a probabilidade de comportamentos violentos pelos conteúdos assistidos;
- Prejudica o desenvolvimento da visão. Crianças e adolescentes precisam ter contato com a luz natural pelo menos duas horas por dia;
- Atrapalha o horário do sono, já que algumas crianças passam madrugadas na frente da tela, com luz artificial.