Trabalho infantil volta a crescer no Brasil e atinge 1,65 milhão de crianças e adolescentes, mostra IBGE
Alta afasta o país da meta da ONU de erradicar a prática até 2025; Nordeste concentra maior número de casos

SBT News
O trabalho infantil voltou a crescer no Brasil em 2024, atingindo 1,65 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (19) pelo IBGE.
O número representa um aumento de 2,1% em relação a 2023, o que equivale a 34 mil jovens a mais. Ao todo, 1,957 milhão de crianças estavam envolvidas em atividades econômicas ou de autoconsumo no ano passado, sendo que 560 mil estavam em ocupações consideradas de risco.
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O resultado coloca o Brasil distante da meta da Organizações das Nações Unidas (ONU), que prevê a erradicação do trabalho infantil em todas as suas formas até o fim de 2025. O crescimento foi puxado principalmente pela produção para autoconsumo, segundo o instituto.
O levantamento mostra que 372 mil crianças entre 5 e 13 anos, 363 mil adolescentes de 14 e 15 anos e 915 mil jovens de 16 e 17 anos estavam nessa situação em 2024.
Entre os mais novos, 70% atuavam apenas na produção para consumo da família, enquanto nas faixas de 14 a 17 anos a maioria estava em atividades econômicas formais ou informais.
O Nordeste lidera os casos de trabalho infantil, com 547 mil registros, seguido do Sudeste (475 mil), Norte (248 mil), Sul (226 mil) e Centro-Oeste (153 mil).
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A agricultura concentra a maior parte das crianças de 5 a 13 anos em situação de exploração, enquanto o comércio lidera entre os mais velhos.
Apesar da alta, o número de crianças em atividades perigosas caiu para 560 mil em 2024, o menor patamar da série iniciada em 2016. Esse grupo, que inclui ocupações com risco à saúde ou integridade física, representa 37,2% dos que atuam em atividades econômicas.