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Prejuízo provocado por bebidas falsificadas chega a R$ 471 bilhões no Brasil, diz associação

País registra dezenas de casos de intoxicação por metanol; Câmara acelera projeto para tornar crime hediondo a falsificação de bebidas alcoólicas

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Onda de intoxicações por metanol em bebidas adulteradas preocupa autoridades | Freepik
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Os recentes casos de possível intoxicação por metanol no Brasil reacenderam o debate sobre bebidas alcoólicas adulteradas. Até o momento, há confirmação de uma morte, e outras ocorrências seguem em investigação. Entre 2024 e 2025, a falsificação e o contrabando de bebidas movimentaram cerca de R$ 471 bilhões, segundo o Anuário da Falsificação, publicado pela Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF).

Uísque e gim lideram entre os produtos mais adulterados. Nos anos de 2024 e 2025, foram realizadas 1.587 operações contra o mercado ilegal de bebidas alcoólicas por agentes das Polícias Civil, Federal, Rodoviária Federal e da Receita Federal.

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O estado de São Paulo é o principal destino das bebidas falsificadas, seguido de Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Goiás e Pará.

O estudo aponta que o mercado ilegal continua crescendo de forma acelerada, impulsionado pelo aumento da tributação da indústria nacional, que reduz a competitividade dos produtos originais.

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A crise econômica, a perda de poder aquisitivo da população, os reflexos da pandemia e a fiscalização limitada em portos e fronteiras também agravam o problema.

Outro ponto destacado no levantamento é a sofisticação da produção. Embora ainda existam falsificadores atuando em estruturas precárias, a maior parte das fraudes envolve grandes esquemas industriais.

O corte de recursos federais para órgãos de fiscalização como Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Receita agrava a situação, gerando riscos à saúde pública, perda de arrecadação e até desemprego.

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Para Rodolpho Heck Ramazzini, diretor da ABCF, é preciso intensificar o controle da produção.

"A lei precisa ser cumprida, pois o que está acontecendo agora é a face mais dura e nociva do mercado ilegal, da indústria da falsificação e do crime organizado: a perda de vidas humanas por ganância de uns e inação de outros", afirmou.

Segundo a entidade, a circulação de bebidas falsas gera um prejuízo anual de cerca de R$ 88 bilhões em impostos. O SBT News entrou em contato com o Ministério da Fazenda, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Câmara tenta endurecer punição

Nessa quinta (2), a Câmara dos Deputados aprovou a urgência do projeto de lei que torna crime hediondo a falsificação de bebidas alcoólicas e adulteração de alimentos. A votação foi unânime e simbólica.

A medida acelera a tramitação da proposta, permitindo que seja votada diretamente em plenário. O texto prevê aumento da pena para falsificação de bebidas, hoje de 4 a 8 anos, para 6 a 12 anos de prisão. A tipificação como crime hediondo endurece o cumprimento da pena e restringe benefícios como progressão de regime ou indulto.

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O projeto foi apresentado em 2007, após o escândalo da adulteração de leite em Minas Gerais, e estava parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Em São Paulo, onde os primeiros casos recentes foram identificados, a Polícia Civil apreendeu cerca de 1,2 mil garrafas de cerveja adulteradas com um líquido semelhante à cachaça. Bares, adegas e distribuidoras foram interditados pela Vigilância Sanitária, incluindo o Ministrão Bar, nos Jardins, zona oeste da capital.

No local, a designer de interiores Radharani Domingos, de 43 anos, sofreu convulsões e perdeu a visão após consumir três caipirinhas.

Operações e novos casos

Nesta sexta (3), a PF e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) realizaram fiscalizações em fábricas de bebidas em Poços de Caldas (MG), Chapecó e Joinville (SC) e Campinas (SP). Foram coletadas amostras que serão analisadas em laboratório.

Na noite dessa quinta, a Anvisa anunciou que acionou órgãos internacionais para viabilizar a importação do fomepizol, antídoto contra intoxicação por metanol, já que o medicamento não tem registro no Brasil.

Casos seguem sendo identificados em diferentes estados. A Secretaria da Saúde da Bahia confirmou nesta sexta (3) a morte de um homem de 56 anos em Feira de Santana, com suspeita de intoxicação.

Em Pernambuco, uma mulher passou mal após ingerir vodca adulterada em Olinda. No Paraná, o primeiro caso suspeito em Curitiba envolve um homem de 60 anos, internado em estado grave. No Distrito Federal, o rapper Hungria Hip Hop segue internado em UTI após ingerir bebida adulterada.

Sintomas

O fígado metaboliza o metanol em substâncias altamente tóxicas, como formaldeído e ácido fórmico, que causam lesões graves no fígado, no cérebro e nos nervos ópticos.

Os sintomas podem surgir em até 12 horas após a ingestão e incluem:

  • Náuseas e vômitos;
  • Dor abdominal;
  • Tontura;
  • Visão borrada e sensibilidade à luz.
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