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"Mentira é obstáculo à liberdade", afirma Cármen Lúcia ao tomar posse como presidente do TSE

Junto com o ministro Nunes Marques, empossado vice-presidente, a ministra comandará as eleições municipais de 2024

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A ministra Cármen Lúcia tomou posse, nesta segunda-feira (3), como nova presidente do Tribunal Superior Eleitoral. O ministro Kássio Nunes Marques foi empossado vice-presidente. Os dois serão responsáveis pelas eleições municipais de 2024.

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No discurso de posse, Cármen Lúcia agradeceu ao presidente Lula por ter sido indicada por ele, em 2010, como ministra do Supremo Tribunal Federal. Disse que a "mentira é um obstáculo à liberdade". Enalteceu a gestão do agora ex-presidente do TSE, Alexandre de Moraes, a quem atribuiu um “papel determinante” na defesa da democracia, sobretudo nas eleições de 2022. E usou palavras fortes ao comentar o que classificou como “grande perturbação causada por antidemocratas”.

Empreitada criminosa

Ao comentar a tensão que marcou as eleições de 2022 e os meses seguintes, a ministra disse que a “empreitada criminosa” não teve êxito graças à “tarefa de muitos”, mas, principalmente à “ação firme e vigorosa” de Alexandre de Moraes. Nesse sentido, Cármen Lúcia disse que o medo tem sido explorado como um vírus que contamina as relações sociais, criando desconfiança e manipulação.

"O que distingue esse momento da história é o ódio e a violência, agora instrumentos utilizados por antidemocratas para garrotear as liberdades, contaminar escolhas e aproveitar-se do medo como vírus a adoecer, pela desconfiança, as relações, dominando cidadãs e cidadãos. Assim, o dono do vírus produz o próprio ganho político, econômico, financeiro, social e eleitoral. O algoritmo do ódio, invisível e presente, senta-se à mesa de todos", declarou Cármen Lúcia.

Proteção da liberdade

Após a cerimônia, o presidente do STF, Luis Roberto Barroso, celebrou a escolha de Cármen Lúcia para a presidência do TSE. O ministro defendeu que o tribunal se concentre na proteção da liberdade de expressão em meio à disseminação de desinformação.

"Vivemos um momento difícil na vida brasileira, acho que na vida mundial, em que a liberdade de expressão, cuja a proteção é indispensável para a democracia, enfrenta por vezes um modelo de negócios que depende do engajamento e obtém esse engajamento muitas vezes com a desinformação, com o sensacionalismo, com o ódio. Temos de proteger a liberdade de expressão sem permitir que a vida civilizada despenque em um abismo de maldade", disse Barroso.

Na avaliação do ministro, é crucial encontrar maneiras de garantir a liberdade de expressão sem permitir que a sociedade seja prejudicada por práticas maliciosas. "O dia em que não pudermos mais acreditar naquilo que vemos e naquilo que ouvimos por causa do deep fake, a liberdade de expressão terá perdido sentido. De modo que vivemos um momento crucial da necessidade de enfrentar essa disfunção", afirmou.

Cerimônia

Mais de 300 convidados participaram da cerimônia. Entre eles, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e os presidentes do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira.

Cármen sucede Alexandre de Moraes, que concluiu o seu mandato de dois anos no TSE e segue, a partir de agora, apenas como ministro do STF. A eleição da ministra Cármen Lúcia e do ministro Nunes Marques para os cargos ocorreu no dia 7 de maio, durante sessão plenária do TSE.

Quem é Cármen Lúcia

Nascida em Montes Claros (MG), a ministra Cármen Lúcia se formou em Direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-MG) e é mestre em Direito Constitucional pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atuou como advogada e procuradora do estado. É ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) há 18 anos.

Em 2008, Cármen Lúcia passou a ocupar no TSE uma das vagas reservadas a ministros do STF. Iniciou como substituta, e foi empossada ministra efetiva em 2009. Exerceu a vice-presidência do TSE nas Eleições Gerais de 2010, e foi eleita presidente do tribunal em 2012. Com isso, tornou-se a primeira mulher a ocupar o cargo na história e comandou as Eleições Municipais daquele ano. Em novembro de 2013, a ministra deixou o TSE após o fim do mandato.

Em 2020, Cármen Lúcia retornou à Corte Eleitoral como ministra substituta. No ano de 2022, foi empossada integrante efetiva. No início de 2023, a ministra tornou-se vice-presidente do TSE, atuando ao lado do ministro Alexandre de Moraes. Será a segunda vez, portanto, que ela comandará as eleições municipais.

Quem é Nunes Marques

O ministro Kassio Nunes Marques nasceu em Teresina (PI). É bacharel em Direito pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), mestre em Direito pela Universidade Autônoma de Lisboa, em Portugal, e pós-doutor pela Universidade de Salamanca, na Espanha. Trabalhou como advogado e foi juiz do Tribunal Regional Eleitoral piauiense entre 2008 e 2011. Também foi desembargador e vice-presidente do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, sediado em Brasília (DF).

Nunes Marques é ministro do STF desde 2020. Foi eleito para o TSE em 2021, quando assumiu a cadeira de ministro substituto. Em 2023, tomou posse como integrante efetivo do TSE.

Composição do TSE

O TSE é composto por, no mínimo, sete ministros: três são originários do STF, dois são do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e dois são representantes da classe dos juristas (advogados com notável saber jurídico e idoneidade), indicados pelo presidente da República. Cada ministro é eleito para um biênio, sendo proibida a recondução após dois biênios consecutivos.

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