Operações da PF e da Receita miram esquemas do crime organizado no setor de combustíveis
Redes criminosas nacionais movimentaram mais de R$ 23 bilhões de forma ilícita; ações Quasar e Tank foram deflagradas em dois estados

Felipe Moraes
A Polícia Federal (PF) e a Receita Federal miram nesta quinta-feira (28) esquemas do crime organizado no setor de combustíveis em duas operações distintas, Quasar e Tank, deflagradas em três estados. Segundo a PF, investigados movimentaram pelo menos R$ 23 bilhões de forma ilícita.
A força-tarefa Quasar investiga "esquema sofisticado" que utilizava fundos de investimentos para ocultar patrimônio obtido de forma ilegal, "com indícios de ligação com facções criminosas".
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"A estrutura criminosa operava por meio de múltiplas camadas societárias e financeiras, nas quais fundos de investimento detinham participação em outros fundos ou empresas. Essa teia complexa dificultava a identificação dos verdadeiros beneficiários e tinha como principal finalidade a blindagem patrimonial e a ocultação da origem dos recursos", descreveu a PF.
Uma das estratégias envolvia simular transações de compra e venda de ativos, como imóveis e títulos, "entre empresas do mesmo grupo, sem propósito econômico real".
Agentes foram destacados para cumprir 12 mandados de busca e apreensão nas cidades de Campinas, Ribeirão Preto e São Paulo. A Justiça Federal determinou sequestro integral de fundos de investimento e bloqueio de bens e valores em valores que chegam a R$ 1,2 bilhão, além do afastamento de sigilos bancário e fiscal de pessoas físicas e jurídicas.
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Já a força-tarefa Tank, segundo a PF, procura desmantelar "uma das maiores redes de lavagem dinheiro já identificadas no Paraná". Agentes saíram às ruas no PR e também no Rio de Janeiro e em São Paulo para cumprir 14 mandados de prisão e 42 de busca e apreensão.
A Justiça também determinou bloqueio de bens e valores de 41 pessoas físicas e 255 jurídicas, "totalizando uma constrição patrimonial superior a R$ 1 bilhão".

Atuante desde 2019, esse grupo é suspeito de ter lavado pelo menos R$ 600 milhões, movimentando mais de R$ 23 bilhões por meio de uma cadeia que reunia empresas de cobrança, postos de combustíveis, distribuidoras, holdings e instituições de pagamento autorizadas pelo Banco Central (BC).
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Criminosos ocultavam origem de recursos obtidos de forma ilegal por meio de depósitos fracionados em espécie – valores atingiram R$ 594 milhões –, uso de "laranjas", transações cruzadas, repasses sem lastro fiscal, fraudes contábeis e simulação de compras de bens e serviços.
PF e Receita também investigam suspeita de o grupo ter se aproveitado de brechas no Sistema Financeiro Nacional para fazer transações de forma anônima via instituições de pagamento.
"As investigações também revelaram práticas de fraude na comercialização de combustíveis, como adulteração de gasolina e a chamada 'bomba baixa', em que o volume abastecido é inferior ao indicado. Pelo menos 46 postos de combustíveis em Curitiba estavam envolvidos nessas práticas", apontou a PF.