Entidades fazem alerta sobre aumento do teor de etanol na gasolina e de biodiesel no diesel
A partir desta sexta (1º), mistura de etanol na mistura da gasolina sobe para 30% e quantidade de biodiesel no diesel vai a 15%

Vanessa Vitória
Felipe Moraes
Duas entidades do setor de combustíveis fizeram alertas sobre aumento do teor de etanol na gasolina (de 27% para 30%) e de biodiesel no diesel (de 14% para 15%), em vigor a partir desta sexta-feira (1º).
Em comunicado, a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) destacou que essas mudanças "são de extrema importância para o momento do país, que envolve a transição energética e questões econômicas".
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"Nosso alerta visa mostrar a realidade do mercado e conscientizar toda a sociedade de que uma mudança no percentual da mistura pode gerar alterações de preços para as distribuidoras e, consequentemente, esses custos podem ser repassados para os postos, podendo chegar ao consumidor final", ponderou a entidade.
A Fecombustíveis minimizou impacto do aumento de etanol na gasolina em preços e informou que valor do diesel pode aumentar com alta na mistura de biodiesel.
"No momento atual e desde que mantidas todas as variáveis de mercado, com a elevação de 30% do etanol anidro, há uma possibilidade de queda de, aproximadamente, R$ 0,02 no custo de comercialização das distribuidoras para a gasolina e de um potencial aumento médio de R$ 0,02 para o óleo diesel, com o aumento do biodiesel na mistura para 15%", explicou.
A Fecombustíveis acrescentou que "o mercado de combustíveis segue o regime de preços livres em todos os elos da cadeia". "Por conta da complexidade de precificação (importação, biocombustíveis, CBIOs, economia globalizada, entre outros), os postos dependem dos valores dos combustíveis repassados pelas companhias distribuidoras", completou.
Impacto em postos do Distrito Federal
Já o presidente do Sindicombustíveis-DF, Paulo Tavares, falou com o SBT News e deu exemplos de como mudança impactou, de diferentes maneiras, preços praticados por postos em Brasília. Afirmou que projeção do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre redução nos valores da gasolina ainda não se concretizou.
"É importante esclarecer que diferentemente do que disse o ministro, de que poderia reduzir a gasolina até 11 centavos, na verdade, a gasolina já reduziu hoje nas distribuidoras apenas 1 centavo. E, no diesel, subiu 2 centavos", falou.

Tavares explicou que "nas nossas contas, a redução deveria ser de 2 centavos". "[Diminuição de preço] não é por causa do preço do etanol, mas devido à carga tributária do [etanol] anidro ser menor. Quando você mistura um produto que tem uma carga menor de tributos, você consegue reduzir. Porém, hoje só reduziu 1 centavo na distribuidora", acrescentou.
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Sobre aumento de 2 centavos no diesel, Tavares reforçou que "hoje, o biodiesel está mais caro do que o diesel". "Ou seja, quanto mais houver aumento do biodiesel no diesel, mais o preço ficará caro, porque o biodiesel, há muito tempo, é muito mais caro que o diesel", disse.
O presidente do Sindicombustíveis ponderou que decisão do governo federal de aumentar misturas envolve preocupações ambientais. "Sabemos que tanto o etanol como o biodiesel geram menos efeito estufa, ou seja, menos hidrocarbonetos, menos, obviamente, carbono no meio ambiente. O que significa que é melhor para o meio ambiente", acrescentou.
"É um projeto que nós apoiamos, que é a descarbonização e os combustíveis do futuro, com novo tipo de energia, a energia mais limpa. Isso é importante. Entretanto, voltamos a afirmar que a redução na gasolina na distribuidora foi de apenas 1 centavo e, no caso de diesel, uma elevação de 2 centavos", finalizou.