Número de cuidadores de idosos no Brasil cresce 15% em 4 anos
Na esteira do envelhecimento da população brasileira, projeto de lei que tramita no Senado quer definir regras para a categoria, como formação e atribuições
Simone Queiroz
Natalia Vieira
O envelhecimento da população brasileira está transformando o mercado de trabalho. Projeção do IBGE indica que, em 45 anos, quase 40% dos brasileiros serão idosos. Esse cenário impulsionou um crescimento na profissão de cuidadores, que registrou aumento de 15% nos últimos quatro anos, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
Katia Regina Batista Pereira, 44 anos, é cuidadora de idosos e acompanha Maria Rosária Coutinho do Amaral, de 76 anos, em sua batalha contra um câncer no pulmão. Dona Maria Rosária enfrentou momentos difíceis, chegando a ficar intubada por semanas.
“No começo, eu nem comia sozinha. A Katia me ajudava em tudo, desde me alimentar até me dar forças. Ela é muito profissional e cuidadosa”, conta. A cuidadora fez um curso de qualificação. "Ensina não apenas primeiros socorros, mas também a responsabilidade de cuidar de uma vida”, afirma Katia.
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Um projeto de lei que tramita no Senado pode tornar obrigatório o curso de cuidador, além de exigir ensino fundamental completo para exercer a profissão. O texto também regulamenta atribuições como cuidados com higiene, administração de medicamentos e auxílio na mobilidade do idoso.
A Associação Brasileira de Geriatria e Gerontologia apoia essas exigências e defende a criação de um piso salarial mínimo, para evitar as disparidades nos rendimentos da categoria. Felipe Vecchi, geriatra, ressalta que os cuidadores precisam ser acessíveis a todas as famílias. “Não é apenas o rico que precisa de cuidadores. Famílias mais simples também enfrentam essa necessidade, muitas vezes para poderem sair de casa e gerar renda.”
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Caso o projeto seja aprovado, os contratos seguirão as normas da CLT, com jornadas de 40 horas semanais. Os especialistas enfatizam que contratar um cuidador é uma forma de promover cuidado e não abandono, permitindo que os familiares tenham mais qualidade no convívio com os idosos. Vanessa Coutinho do Amaral Jacinto, filha de Dona Maria Rosária, concorda: “Ter alguém de confiança nos dá mais tempo de qualidade com nossos pais, fortalecendo os laços de carinho e cuidado.”