Mato Grosso tem dois casos suspeitos de gripe aviária em humanos
Secretaria Municipal de Saúde de Campinápolis informou que monitora nove pessoas expostas a aves contaminadas; pacientes suspeitos aguardam resultados de exames

Emanuelle Menezes
com SBT Cuiabá
A Secretaria Municipal de Saúde de Campinápolis (MT), cidade a 510 km de Cuiabá, informou nesta quarta-feira (11) que acompanha dois casos suspeitos de gripe aviária em humanos. Outras sete pessoas, que também foram expostas a aves contaminadas, são monitoradas pela pasta.
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Na terça-feira (10), o Governo de Mato Grosso já havia declarado estado de emergência zoossanitária em decorrência da confirmação da presença do vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) no município. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou a detecção do vírus causador da gripe aviária em uma ave doméstica criada para subsistência em Campinápolis no último domingo (8).
Em uma publicação nas redes sociais da prefeitura de Campinápolis, a coordenadora de vigilância sanitária da cidade, Suelen Cequinel, afirmou que as medidas necessárias estão sendo tomadas. "Já foi iniciado todo o protocolo, todo manejo clínico. Já foi realizada a notificação, o tratamento e coleta de amostra. Assim que chegarem os resultados, os casos serão classificados como confirmados ou descartados", disse.
Suelen também reforçou a necessidade de cuidado redobrado com a higiene de alimentos para a população da região, sobretudo no cozimento do alimento, que, segundo ela, "desativa o vírus e evita a disseminação de várias doenças".
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) confirmou ao SBT Cuiabá, em nota, os dois casos considerados suspeitos. A pasta também informou que a coleta de amostras dos pacientes já foi realizada e que elas serão enviadas para análise no Instituto Adolf Lutz, em São Paulo.
Emergência zoossanitária
O Governo de Mato Grosso declarou estado de emergência zoossanitária na terça-feira (10). A medida, publicada em edição extra no Diário Oficial, tem prazo de 90 dias e pode ser prorrogada.
Com o decreto, o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) – órgão responsável por atuar na defesa agropecuária no âmbito estadual – fica liberado para adotar medidas emergenciais. O uso de recursos em ações necessárias por ocasião do foco da gripe aviária também fica autorizado.
O documento libera ainda o Indea, se necessário, a expandir normas complementares com o objetivo de disciplinar e operacionalizar as ações decorrentes da situação de emergência zoossanitária.
Gripe aviária confirmada
O caso foi confirmado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) no último domingo, em uma criação doméstica de aves de subsistência. De acordo com a pasta, não há granjas comerciais próximas do local de detecção do vírus.
O protocolo de vigilância e adoção de medidas de erradicação, em um raio de 10km ao redor do foco, foi acionado. A propriedade foi interditada.
O que é gripe aviária? Pode ser transmitida para humanos?
A gripe aviária é causada pelo vírus H5N1, um subtipo do vírus influenza A. Conhecida por sua alta capacidade de provocar surtos letais em aves, a IAAP já circula globalmente desde 2006, com maior incidência na Ásia, África e norte da Europa.
De acordo com o infectologista Marcelo Neubauer, apesar de ser parecido com o vírus da gripe, ele é pouco comum entre os seres humanos.
"Não existe um risco de uma epidemia grande ou uma pandemia", pontua.
O Mapa também destacou que o risco de infecção em humanos é considerado baixo. Casos de contaminação geralmente envolvem profissionais com contato direto e prolongado com aves infectadas, como tratadores e trabalhadores de granjas.
"Em sua maioria, [a infecção humana] ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas)", informa a pasta. O Mapa também garantiu que não há necessidade de restrições alimentares. "A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados", concluiu.
Segundo o governo, o diagnóstico de gripe aviária em aves de subsistência não gera restrições ao comércio internacional. O Mapa assegura que "o consumo e a exportação de produtos avícolas permanecem seguros".