Joseli Camelo, do STM, diz que militares cometeram excessos na ditadura
Ministro também condenou militares que estão se candidatando a cargos políticos ao falar das eleições municipais
Presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Joseli Camelo é o convidado do próximo Perspectivas, que vai ar nesta quarta-feira (22). Entre os temas debatidos, o ministro falou sobre as eleições municipais e os militares candidatos a cargos políticos, além dos excessos cometidos pelas Forças Armadas a partir da ditadura militar de 1964.
"Eu acho que os militares têm que se dedicar a sua função específica da defesa da pátria, de cuidar das nossas fronteiras, da pacificação social, como estamos vendo no Rio Grande do Sul. Militares não devem se envolver na política", opinou. "Não que os militares não possam se candidatar à política. Seria muito bom ter um grupo de militares no Congresso, entre os deputados e os senadores. O que não pode, é o militar simplesmente se candidatar e, ao perder, retornar à Força, já com aquela mentalidade de um político. Isso eu não concordo".
Ao ser questionado sobre o aniversário de 60 anos do golpe militar, Camelo afirmou que a "revolução militar" não deve ser motivo de vergonha, pois ela aconteceu devido a uma “comoção nacional” causada pela degradação da disciplina e da hierarquia e da ameaça do comunismo. No entanto, o ministro alertou que, de fato, erros e excessos aconteceram.
"A revolução era para durar dois anos, já em 66 era para termos eleições gerais e isso não aconteceu, então virou uma bola de neve. Aí veio guerrilha rural, urbana, repressão e o AI-5. Daí não podemos concordar com tudo isso. Então, não é motivo para comemorar. É motivo para jamais desejarmos que aquelo momento seja repetido. Não queremos mais algo parecido no Brasil como aquele momento e não queremos jamais uma ditadura no nosso país".
Tragédia no RS
Camelo também comentou sobre a atuação dos militares na tragédia que atinge o Rio Grande do Sul, que vem sofrendo com questões climáticas extremas.
"Foi uma tragédia realmente lamentável, mas nós pudemos ver o quanto o povo brasileiro, a sociedade brasileira, tem um espírito de solidariedade. Eu gostaria de inicialmente enaltecer os nossos voluntários, que estão fazendo um papel brilhante. Os poderes da República também tiveram um papel fundamental no início de todo esse processo, buscando uma solução para aquele problema", defendeu.
"O ministro Barroso já liberou R$ 130 milhões para ser usado imediatamente pela Defesa Civil. Nós, da Justiça Militar, ampliamos os prazos até o final do mês (de maio). Fizemos pontos de recolhimento e, em pouco mais de uma semana, já tínhamos quatro toneladas de doações. Então, há realmente uma cruzada nacional de solidariedade e com as Forças Armadas não foi diferente".
Para Camelo, a atuação vista no RS é a aplicação de todo o treinamento e preparação feito pelas Forças Armadas. "As nossas Forças Armadas treinam para a guerra e tudo aquilo que nós treinamos estamos aplicando neste momento no Rio Grande do Sul", afirmou.
A entrevista completa com o presidente do Superior Tribunal Militar pode ser conferida no site e no canal do SBT News no YouTube.