No Pampa, pesquisadores gaúchos monitoram felinos raros em extinção
Projeto Felinos do Pampa acompanha felinos selvagens ameaçados, como o raro gato-palheiro, e busca preservar a fauna gaúcha
No Brasil, nove espécies de felinos selvagens vivem em áreas de mata e campo, e muitos têm tamanho semelhante ao de um gato doméstico.
No Rio Grande do Sul, um grupo de pesquisadores dedica-se a salvar esses felinos da extinção com o projeto Felinos do Pampa, que monitora e estuda as espécies ameaçadas do bioma.
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Com câmeras equipadas com sensores de movimento, os pesquisadores registram imagens e coletam dados sobre a rotina de felinos do pampa, como o gato-maracajá e o gato-palheiro. Em locais estratégicos, armadilhas são usadas para capturar os animais sem feri-los.
Após a captura, eles passam por exames, recebem microchips e colares com GPS para rastreamento, permitindo que os cientistas acompanhem seus movimentos e comportamentos.
Para Felipe Peters, pesquisador do projeto, essas informações são essenciais para entender melhor a densidade e o habitat dessas espécies.
O projeto destaca o gato-palheiro, conhecido também como "gato fantasma", por seu comportamento de camuflagem.
A professora Flávia Tirelli, da UFRGS, explica que o felino adapta-se ao ambiente ficando imóvel em meio ao pasto, uma tática de proteção que só funciona no campo nativo.
O Rio Grande do Sul abriga oito das nove espécies de felinos do Brasil, e entre elas, o gato-maracajá, que possui articulações nas patas traseiras que giram até 180 graus, possibilitando a descida de costas nas árvores. Espécies como essa estão cada vez mais ameaçadas, com a expansão urbana e agrícola restringindo seus habitats.
Além da pesquisa em campo, o projeto Felinos do Pampa trabalha para conscientizar a população rural sobre a importância desses animais.
"Só protegemos o que conhecemos", lembra Peters.
Ele explica que entender o comportamento e as necessidades desses animais é fundamental para promover o respeito e a preservação junto aos moradores da região.
Flagrantes recentes de uma mãe e filhote de gato-do-mato foram registrados na zona sul de Porto Alegre, uma área verde próxima ao centro da capital gaúcha. Cenas como essas, no entanto, podem se tornar cada vez mais raras.
O projeto já conta com parcerias internacionais e apoio financeiro de fundações e institutos estrangeiros de conservação.
O que começou com o esforço de um casal de biólogos, hoje é uma rede de apoio que luta para preservar a diversidade da fauna gaúcha e garantir que esses felinos continuem a existir em seu habitat natural.