Em meio à crise com Israel, Brasil recebe ministros estrangeiros para preparação do G20
Políticos irão se reunir no Rio de Janeiro para debater temas sociais e ambientais, além da reforma de organizações multilaterais
O Brasil recebe, nesta quarta-feira (21), ministros de Relações Exteriores dos países do G20 — grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo — para uma reunião no Rio de Janeiro. O encontro do grupo, presidido pelo governo brasileiro, funciona como uma espécie de preparação para a Cúpula do G20, que será realizada em novembro.
Na reunião, as autoridades brasileiras irão debater temas sociais e ambientais. A reforma de organizações multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), também estará na pauta do grupo, uma vez que o governo brasileiro vem defendendo a urgência da reestruturação da governança global para garantir mecanismos de construção de paz.
Entre os participantes da reunião está Antony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos. O representante irá se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes do encontro com os ministros, abordando temas como a cooperação de transição para energia limpa e a tensão entre Venezuela e Guiana sobre Essequibo.
O encontro dos ministros estrangeiros do G20 acontece em meio aos atritos do governo brasileiro com Israel. No domingo (18), Lula comparou a ofensiva israelense na Faixa de Gaza, na guerra contra o Hamas, ao extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial. A fala gerou críticas do governo de Israel, que declarou o petista como "persona non grata" no país e exigiu um pedido de desculpas.
Apesar do cenário, o embaixador Maurício Carvalho Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, afirmou que a tensão entre os países não irá comprometer a agenda estabelecida pelo Brasil no G20. Ele defendeu que Lula pediu diversas vezes o cessar-fogo entre Israel e o Hamas.
O que é o G20?
O G20 é formado por 19 países dos cinco continentes, mais a União Europeia, articulando nações consideradas desenvolvidas e em desenvolvimento. O G20 responde, conjuntamente, por cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e 75% do comércio internacional, além de dois terços da população e 60% do território mundial.
O grupo funciona em um sistema de troikas — um trio de membros formado pelo último ocupante da presidência do grupo, o atual presidente e o próximo país. O governo que está na presidência coordena o grupo com o apoio dos outros dois. Atualmente, a troika é formada por Índia (presidência em 2023), Brasil (2024) e África do Sul (2025).
No geral, o G20 foca em duas frentes de trabalho: a Trilha de Sherpas e a Trilha de Finanças.
A trilha de Finanças é comandada pelos ministros da Economia e diretores dos Bancos Centrais dos países do grupo, sendo a principal linha de atuação. Já os Sherpas são emissários pessoais dos líderes do G20, que supervisionam negociações, discutem pontos que formam a agenda da cúpula e coordenam a maior parte do trabalho.