Desmatamento no Cerrado: Área perdida em janeiro equivale ao tamanho da cidade de Maceió
Foram desmatados 51 mil hectares, cerca de 1,6 mil campos de futebol derrubados por dia no bioma
Segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Cerrado, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o Cerrado brasileiro perdeu área equivalente a 51 mil hectares de vegetação nativa no mês de janeiro. Uma média de 1,6 mil campos de futebol derrubados por dia no bioma.
+ Amazonas: bioprodutos abastecem mercado cosmético
Levantamento aponta que o desmatamento na região se equipara ao tamanho do município de Maceió (AL).
A pesquisa mostra que a área afetada pode ter sido ainda maior, por conta do volume expressivo de nuvens na região, nessa época do ano.
A grande quantidade de nuvens no bioma diminui a capacidade dos satélites detectarem a supressão da vegetação.
A pesquisa aponta que o desmatamento registrado na área afetada foi 10% maior do que em janeiro de 2023.
Em 2024, o mesmo mês contabilizou o menor número de áreas perdidas, quando comparado aos últimos 11 meses.
Confira o gráfico:
A coordenadora do Sistema de Alerta do Desmatamento do Cerrado do Ipam, Fernanda Ribeiro, disse que, quando é analisada a situação dos últimos 11 meses, não é possível constatar que houve diminuição concreta na perda de áreas do bioma.
“Analisando os últimos 11 meses a gente vê essa tendência de diminuição. Para este ano de 2024 ainda é muito cedo para afirmar. Por a gente estar nesse período de estação chuvosa, não tem como afirmar se é uma tendência permanente ou é uma oscilação climática”, afirmou a coordenadora.
A pesquisadora também chamou a atenção para a necessidade de repetir no Cerrado as políticas que reduziram o desmatamento na Amazônia, no ano passado.
Ela destacou que é preciso esforços do governo para controlar e combater o problema na região.
“É necessário que os esforços do governo para combate e controle do desmatamento estejam agora voltados para o Cerrado, assim como foram voltados para a Amazônia no ano passado”, comentou Fernanda.
Amazônia registra queda no desmatamento
Houve redução de cerca de 62%, entre janeiro e novembro de 2023, de desmatamento na região amazônica.
No ano passado, o Cerrado brasileiro registrou alta de 3% de áreas perdidas.
Especialistas alertam para a necessidade de políticas mais concisas para combater o aumento do desmatamento no bioma.
Os estudiosos afirmam que falta um olhar das autoridades para o estado de urgência e sobrevivência do Cerrado.
Segurança hídrica do país em risco
A perda expressiva de áreas no Cerrado brasileiro coloca em risco a segurança hídrica do país.
Considerado o berço das águas do Brasil, o Cerrado é a origem das nascentes de oito das 12 bacias hidrográficas mais importantes do Brasil. É também o segundo maior reservatório subterrâneo de água do mundo, formado pelos aquíferos Guarani e Urucuia.
Ranking
As áreas de Cerrado mais desmatadas foram da região do Matopiba, que concentrou 64% de todo o desmatamento de janeiro.
Matopiba é a área de grande expansão do agronegócio, principalmente da soja, que engloba os Estados:
⦁ Maranhão,
⦁ Tocantins,
⦁ Piauí e da Bahia
O termo 'Matopiba" surge da junção da primeira sílaba desses estados.
No topo do ranking do desmatamento em janeiro estão os Estados do Tocantins e Piauí, ambos em torno dos 10 mil hectares de vegetação suprimida.
No Tocantins, houve um aumento de 40% em relação a janeiro de 2023.
Em seguida, estão os Estados da Bahia e do Maranhão, ambos com em torno de 9 mil hectares de Cerrado desmatados.
O Estado baiano concentra, por sua vez, quatro dos dez municípios que mais desmataram em janeiro deste ano. O município de Cotegipe (BA), no oeste baiano, foi o líder do desmatamento em janeiro, com cerca de 2 mil hectares perdidos, aumento de 224% se comparado a dezembro do ano anterior.
Plano de Ação para Prevenção
Em novembro de 2023, o governo federal lançou o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento do Cerrado (PP Cerrado).
A proposta estabelece um conjunto de medidas que contam com o apoio de outros setores para tentar frear a destruição de parte da vegetação do bioma.
O objetivo é unir os esforços de diversos órgãos públicos federais para que atuem sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima a fim de alcançar o desmatamento zero até 2030.
Com informações da Agência Brasil