Publicidade

Desastre de Mariana: Barroso, presidente do STF, diz que ações coletivas estão "em vias de serem solucionadas"

O ministro afirma "não querer" que o tema seja encerrado fora do Brasil; em Londres, há um julgamento marcado para outubro

Desastre de Mariana: Barroso, presidente do STF, diz que ações coletivas estão "em vias de serem solucionadas"
"Não queremos que isso seja resolvido em fórum internacional”, disse o ministro em evento sobre ações coletivas | Divulgação/Rosinei Coutinho/STF e José Cruz/Agência Brasil
Publicidade

Após mais de oito ano do episódio em que o distrito de Bento Rodrigues, na cidade de Mariana (MG), foi engolido por um mar de lama da mineradora Samarco, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Luís Roberto Barroso, afirmou que as ações coletivas movidas pelas vítimas estão "em vias de serem solucionadas". Para o ministro, a finalização se deve dar em acordo, evitando uma resolução em fórum internacional.

+ Desastre de Mariana: e-mail comprova envolvimento operacional da BHP

O magistrado afirmou "não querer" que o tema seja encerrado fora do Brasil. “Em matéria de interesses coletivos, há três episódios que geraram muitas ações, inclusive coletivas, que nós estamos cuidando: o caso da Braskem, com o afundamento de um bairro inteiro em Maceió, o caso que envolve Brumadinho, da ruptura de uma barragem, e o caso de Mariana, igualmente, o rompimento de uma barragem — e que felizmente está em vias de ser solucionada mediante um acordo, porque não queremos que isso seja resolvido em fórum internacional".

Segundo o presidente da Suprema Corte, esses são temas que envolvem litígios estruturais e ações civis públicas. Em evento do CNJ, citou tutelas coletivas, ações movidas em conjunto pela sociedade civil, como alternativa para mitigar o que chamou de "epidemia de judicialização" no país. Segundo ele, mais de 83 milhões de processos judiciais estão pendentes no Brasilum provável recorde mundial, analisa Barroso.

O rompimento da barragem, em 5 de novembro de 2015, liberou 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos. A lama correu e chegou até o mar do Espírito Santo. A empresa pertence às gigantes Vale e Broken Hill Proprietary Company Limited Billiton (BHP), anglo-australiana.

+ Lula não descarta candidatura nas eleições de 2026, mas diz que ainda é cedo para decidir

Acordos

Barroso referiu-se a um julgamento marcado para outubro deste ano na Justiça do Reino Unido, país de origem da BHP, onde o advogado e ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo defende as vítimas e cobra responsabilização em todas as possíveis instâncias.

No Brasil, o processo reparatório gira em torno do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), firmado entre as três mineradoras envolvidas, a União e os governos mineiro e capixaba. Nele, estipulou-se a criação da Fundação Renova, com mais de 40 programas de medidas de reparação.

Desde o início, o TTAC chegou a ser duramente criticado pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), bem como por entidades representativas dos atingidos. Uma das principais queixas era a falta de participação das vítimas na negociação e também na implementação das medidas.

Dois anos mais tarde, um acordo, que ficou conhecido como TAC Governança (Termo de Ajustamento de Conduta relativo à Governança), foi firmado pelas mineradoras e pelas instituições de Justiça visando sanar a questão. No entanto, as vagas só foram preenchidas neste ano, após quase nove anos do rompimento e seis anos da assinatura do termo.

Apesar da inclusão, as mineradoras continuam sendo majoritárias no Conselho Curador da Fundação Renova. A Samarco, a Vale e a BHP Billiton indicam seis dos nove nomes. Entre os demais, dois são representantes das vítimas e um nomeado pelo Comitê Interfederativo.

+ Desastre de Mariana: Samarco, Vale e BHP terão de pagar indenização de R$ 47,6 bilhões

Uma tentativa de repactuação do processo reparatório, capaz de indicar solução para mais de 85 mil processos sobre a tragédia, está em andamento desde 2022. Até o momento, não houve sucesso.

Houve a abertura de dois processos: o primeiro dos governos estaduais de Minas e Espírito Santo, que também teve regiões atingidas pela onda de dejetos, gerando um acordo. O outro, movido pelo Ministério Público e pela Justiça Federal, condenou as empresas a um pagamento de R$ 47,6 bilhões em indenização coletiva, valor a ser corrigido por juros.

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

Mariana
Samarco
Minas Gerais
Espírito Santo
STF

Últimas notícias

Primeira-dama de João Pessoa e assessora chegam ao presídio após justiça manter prisões

Primeira-dama de João Pessoa e assessora chegam ao presídio após justiça manter prisões

As duas foram presas na manhã deste sábado (28) na terceira fase da Operação Território Livre
Crime bárbaro: Homem que matou a irmã por disputa de herança se entrega à polícia em SC

Crime bárbaro: Homem que matou a irmã por disputa de herança se entrega à polícia em SC

Vítima estava grávida; irmãos tinham desavença há anos
Mauro Vieira e chanceler do Líbano conversam sobre situação de brasileiros no país em meio a ataques de Israel

Mauro Vieira e chanceler do Líbano conversam sobre situação de brasileiros no país em meio a ataques de Israel

Ministro das Relações Exteriores teve reunião com Abdallah Bou Habib em Nova York (EUA), neste sábado (28)
Servidor da Universidade Federal do Amazonas é preso por ameaçar mulheres no ambiente de trabalho

Servidor da Universidade Federal do Amazonas é preso por ameaçar mulheres no ambiente de trabalho

Segundo a Polícia Federal, responsável pela prisão, homem chegou a mandar mensagens intimidadoras e até imagens de arma e facões a colegas e superiores
Furacão Helene deixa pelo menos 52 mortos e devasta regiões no sudeste dos Estados Unidos

Furacão Helene deixa pelo menos 52 mortos e devasta regiões no sudeste dos Estados Unidos

Milhões de pessoas estão sem luz, casas e prédios foram destruídos, cidades estão ilhadas e pacientes de hospitais tiveram que ser resgatados por helicópteros
Falso motorista de app que usava carro com placa adulterada de veículo oficial é preso em área nobre do DF

Falso motorista de app que usava carro com placa adulterada de veículo oficial é preso em área nobre do DF

Suspeito transportava executivos em Brasília; veículo exibia até equipamentos luminosos semelhantes aos de viaturas policiais e símbolo do Brasão da República
Finalistas de prêmio da foto mais cômica da natureza são anunciados

Finalistas de prêmio da foto mais cômica da natureza são anunciados

Ursos se abraçando, discussão entre leões e gangue de pinguins são algumas das fotografias selecionadas
Polícia Rodoviária Federal faz apreensão recorde de 28 toneladas de maconha no Mato Grosso do Sul

Polícia Rodoviária Federal faz apreensão recorde de 28 toneladas de maconha no Mato Grosso do Sul

Droga estava escondida em carreta de milho, no município de Amambai; essa foi a maior apreensão de maconha feita pela PRF em 2024
Exército de Israel afirma ter matado líder do Hamas no sul da Síria

Exército de Israel afirma ter matado líder do Hamas no sul da Síria

Ahmad Muhammad Fahd era responsável pelas operações do grupo extremista palestino na região
Bets: ministérios vão avaliar impactos de apostas online na saúde mental de brasileiros

Bets: ministérios vão avaliar impactos de apostas online na saúde mental de brasileiros

Secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Regis Dudena, disse à Agência Brasil que trabalho deve envolver pasta da Saúde
Publicidade
Publicidade