Delegada esposa de empresário que matou gari é afastada das funções em MG
Ana Paula Lamego Balbino Nogueira recebeu licença de 60 dias para tratamento de saúde; Renê da Silva Nogueira Júnior confessou ter usado arma da policial

SBT News
com informações do Estado de Minas
Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, delegada da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), foi afastada de suas funções por 60 dias para tratamento de saúde no Hospital da corporação. O afastamento, iniciado em 13 de agosto, foi oficializado no Diário Oficial do estado no último sábado (23).
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A decisão ocorre em meio ao caso envolvendo marido da delegada, o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, preso pelo assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, no dia 11 de agosto, no bairro Vista Alegre, região oeste de Belo Horizonte.
O empresário confessou ter usado a arma particular da esposa sem o conhecimento dela, mas alegou que a morte teria sido um suposto "acidente".
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Negou crime no primeiro depoimento
No primeiro depoimento, o empresário havia negado o crime e alegado uso de medicamentos controlados. Renê relatou sua rotina no dia do crime, afirmando que saiu do trabalho e foi para casa. Em seguida, passeou com os cachorros e depois foi direto para a academia. Em nenhum momento citou ter passado pela rua onde o crime ocorreu.
Imagens de câmeras de segurança flagraram Renê atirando contra Laudemir e guardando a arma usada no crime.
Relembre caso
O gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, foi morto a tiros após uma discussão de trânsito em 11 de agosto, no Bairro Vila da Serra, em Nova Lima, na Grande BH. O suspeito é o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos.
Segundo o boletim de ocorrência, Laudemir e outros garis recolhiam lixo quando a motorista do caminhão encostou o veículo para dar passagem ao carro do empresário. Renê teria abaixado o vidro e ameaçado matar caso alguém encostasse em seu carro. Os trabalhadores pediram calma e sugeriram que ele seguisse viagem. O suspeito, porém, desceu do carro alterado e disparou contra o grupo.
O gari Tiago Rodrigues, que presenciou o crime, afirmou que Renê agiu com frieza. "Assim que atirou, ele entrou no carro como se nada tivesse acontecido e foi embora", disse. Tiago tentou socorrer o colega, mas Laudemir não resistiu.
Renê foi localizado por meio de informações de uma testemunha, que lembrou parte da placa do carro dele, e pela análise de câmeras de segurança. A polícia apresentou uma foto do empresário, que foi reconhecido e apontado como o responsável pelo ataque. Apesar disso, ele negou ter cometido o crime quando foi preso, no estacionamento de uma academia.
Em 15 de agosto, a Polícia Civil informou que a arma usada para matar Laudemir pertencia à esposa do principal suspeito, a delegada Ana Paula Balbino Nogueira.
A compatibilidade foi confirmada pela perícia de microbalística, que analisou duas munições – uma usada e outra intacta – deixadas no local do crime. Desde então, Ana Paula é investigada pela Corregedoria da Polícia Civil de MG, que apura possíveis desvios de conduta da servidora.