Caso Vitória: perguntas e respostas sobre o assassinato da adolescente em Cajamar, Grande São Paulo
Corpo de Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, foi encontrado em 5 de março; saiba por que reconstituição do crime foi remarcada

Derick Toda
Quase 45 dias do início do caso Vitória Regina de Sousa, vítima de um assassinato que chocou o país, o SBT News preparou uma reportagem especial que esclarece o que se sabe o que ainda é preciso apurar sobre o crime.
Vitória tinha 17 anos quando desapareceu ao voltar do trabalho, no dia 26 de fevereiro. Em 5 de março, seu corpo foi encontrado em uma área de mata de Cajamar, na Região Metropolitana de São Paulo.
Quem é o homem preso?

O único suspeito do crime e único preso até o momento é Maicol Sales dos Santos. Ele era vizinho da jovem e confessou a autoria do assassinato em depoimento obtido com exclusividade pelo SBT.
Maicol foi indiciado por sequestro, ocultação de cadáver e homicídio qualificado. Ele está sob prisão temporária até o dia 8 de maio, no Centro de Detenção Provisória de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Por que Maicol matou Vitória?

Em depoimento, Maicol afirmou que matou a adolescente para esconder da esposa um suposto relacionamento extraconjugal entre os dois. No entanto, a Polícia Civil não encontrou indícios que comprovassem essa relação.
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De acordo com o delegado Luiz Carlos do Carmo, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), "Maicol era obcecado pela vítima". Para a polícia, o suspeito era um "stalker", que é um perseguidor obsessivo. Ele monitorava a jovem nas redes, guardava fotos dela e de jovens com características físicas similares às da vítima.
Qual foi a causa da morte de Vitória?

Um laudo preliminar do IML apontou que Vitória morreu por "hemorragia traumática" após sofrer três golpes de faca – na região do tórax, na região supraclavicular esquerda e na região auricular esquerda (entre a face e o pescoço). A arma do crime ainda não foi encontrada.
O documento descartou a possibilidade de a jovem ter sido vítima de um abuso sexual. Exames não encontraram a presença de material genético nas partes íntimas da adolescente. Vitória foi encontrada degolada, com o cabelo raspado e vestindo apenas um sutiã, na área de mata.
Maicol agiu sozinho?

A investigação chegou a averiguar ao menos oito pessoas. Depois, o número de suspeitos reduziu para três e, segundo o delegado, as "provas não deixam dúvidas de que Maicol praticou esse crime sozinho".
Na coletiva de imprensa que confirmou a confissão de Maicol, a Polícia Civil destacou as seguintes provas contra ele:
- Carro de Maicol foi visto circulando no local do crime;
- testemunha disse que o motorista do carro usava uma balaclava (espécie de touca que cobre o rosto). A Polícia conseguiu encontrar o recibo da compra do objeto no celular de Maicol;
- Ferramentas (pá e enxada) do padrasto de Maicol foram encontradas próximas ao corpo de Vitória;
- Quebra do sigilo telefônico do suspeito descobriu que Maicol monitorava a jovem desde 2024;
- Uso do software Cellebrite apontou fotos de Vitória que haviam sido apagadas por ele do dispositivo;
- Confirmação da confissão.
O que diz a defesa de Maicol?

A defesa de Maicol, representada pelo advogado Flávio Ubirajara, questiona a conduta da polícia durante a confissão do crime.
Ele afirma que o depoimento do suspeito ocorreu sem a presença dos advogados, e foi realizada durante a madrugada, com possível coação psicológica sofrida.
"A Constituição Federal e os tratados internacionais de direitos humanos não admitem procedimentos que violem direitos individuais e comprometam a busca pela verdade real", diz.
Apesar de questionar a confissão, a defesa não requisitou que Maicol preste um novo depoimento.
A investigação acabou?

Nesta segunda-feira (7), a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que laudos continuam sendo analisados pelo Instituto Médico Legal (IML) e pelo Instituto de Criminalística (IC). Peritos buscam esclarecer vestígios de sangue encontrados no carro e na casa de Maicol, assim como fios de cabelo que podem ou não ser da vítima.
Além disso, apesar de considerar que o assassinato foi praticado apenas por Maicol, a Polícia Civil investiga se ele contou com ajuda antes ou depois do crime. Na prática, o inquérito policial tenta identificar se ele teve ajuda para planejar e raptar Vitória e para transportar o corpo da jovem até a área de mata em Cajamar.
"As diligências prosseguem visando o devido esclarecimento dos fatos e a conclusão do inquérito", informou a SSP, em nota.
A Polícia Civil havia marcado a reconstituição do crime nesta quinta-feira (10), mas o procedimento não será mais realizado por questões técnicas, segundo a SSP. Fontes do SBT informam que o Instituto de Criminalística pediu que a reconstituição seja feita apenas após a conclusão dos laudos técnicos. A pasta não divulgou uma data nova.
Maicol não participaria do procedimento, uma vez que a legislação garante que nenhum acusado seja obrigado a produzir provas contra si.
Quem era Vitória?

Vitória era apaixonada pelo Corinthians, tida como uma menina alegre e descontraída. Ela trabalhava como operadora de caixa em um restaurante de shopping, localizado no centro de Cajamar.
Como voltava do serviço próximo da madrugada, Vitória costumava ser buscada de carro pelo pai no ponto de ônibus. No entanto, no dia do desaparecimento, o veículo da família estava quebrado e ela teve que fazer o trajeto sozinha.