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Abandono escolar diminui no Brasil, mas ainda desafia escolas e famílias

Projetos que aproximam família e escola ajudam mas milhões de crianças ainda estão fora das salas de aula

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O abandono escolar vem diminuindo no Brasil. O Anuário Todos pela Educação, também aponta que, desde 2014, a taxa de jovens que concluíram o ensino médio subiu de 55% para 71%, o melhor resultado da série histórica.

Segundo o Censo Escolar 2024, apenas 0,6% dos alunos deixaram a escola — em 2014, a taxa era 1,9%. Apesar dos número em queda, ainda há um longo caminho a percorrer para manter as crianças em sala de aula.

Dados recentes do IBGE mostram que 8,7 milhões de meninos e meninas deixaram de frequentar ou nunca foram à escola.

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Iniciativas para manter crianças na escola

Iniciativas, com bons resultados, buscam envolver a família na vida escolar dos filhos. É o caso do “mãe guardiã”, implantado nas escolas municipais de São Paulo. A capital paulista alcançou o menor índice de abandono escolar da última década, principalmente entre estudantes do ensino fundamental.

Nauceli Cardoso Gomes é uma “mãe guardiã”. O papel dela é trazer de volta o aluno que tem se ausentado do ambiente escolar. “Eu tento mostrar pra eles que a educação é o único caminho que pode salvar a gente em muitos aspectos. Conto minha história de vida pra que entendam a importância de estar numa sala de aula”, conta.

Salas cheias são resultado de um trabalho intenso de conscientização. “Principalmente a conscientização da família, essa é a mais importante. A família tem que entender que a criança tem o direito de estudar”, afirma a diretora Cristiane Bernardino.

Estudar maneiras de manter o aluno interessado e com vontade de vir à escola é uma missão desafiadora. Especialistas explicam que a repetência, quando o aluno não adquire a aprendizagem adequada, é uma das principais causas do abandono.

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Cláudia Costin, especialista em educação, avalia que “há grande chance de a família, que não tem um histórico longo de escolaridade, olhar pra ele e pensar: talvez ele não sirva pra escola — como se o insucesso fosse um veredito definitivo.”

A troca da escola pelo trabalho precoce e precarizado, para ajudar na renda familiar, ou ainda o cuidado com a casa e os irmãos menores, são outros motivos que levam ao abandono.

“São meninas que cuidam dos irmãos menores, inclusive porque a escola não é em tempo integral. Se investirmos para assegurar a aprendizagem e envolver toda a sociedade, garantimos que essas crianças fiquem na escola e aprendam. Caso contrário, não construiremos um futuro bom nem para esses jovens, nem para o país. Parte da criminalidade vem de jovens que evadiram da escola”, diz a especialista.

Por pouco, Kimberlly Oliveira, de 10 anos, não abandonou os estudos. Ficou três meses sem aparecer, mas percebeu que é fundamental alcançar um diploma. “Porque, se não, a gente não vai conseguir nem trabalhar, nem arrumar uma casa.”

Sabe quem a convenceu a seguir em frente? Nauceli. Com argumentos, dedicação e carinho, essa mãe guardiã mostrou a ela — e a tantos outros — que estar na escola é o ponto de partida para um mundo de possibilidades. “Se eles valorizarem o que têm na educação hoje e perceberem a diferença, o futuro deles pode ser muito melhor.”

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