Brasileiro morto na Ucrânia conversou dias antes com correspondente do SBT
Brasil tem 12 cidadãos mortos no conflito: são jovens que foram lutar atraídos por promessas de reconhecimento e aventura no campo de batalha
do SBT Brasil
O governo brasileiro confirmou que ao menos 12 cidadãos do país morreram na guerra da Ucrânia, que já dura quase quatro anos. A maioria das vítimas são jovens que viajaram à Europa motivados por promessas de “glória” e recompensas por atuar como voluntários nas forças ucranianas.
As mortes mais recentes aconteceram nesta semana, em um ataque russo à região de Kharkiv, no leste do país. As vítimas foram Luis, de 25 anos, gaúcho de Tramandaí, e João Victor, de 22, natural da Bahia. Os dois faziam parte de um grupo de brasileiros que atuava junto ao Exército ucraniano.
O jornalista Sérgio Utsch, enviado especial à Ucrânia, esteve com Luis no mês passado. Ele se identificava pelo nome de guerra “Stranger”, que em português significa “estranho”. Enfermeiro no Brasil, Luis vivia há nove meses na Ucrânia e estava em treinamento militar quando concedeu sua última entrevista.
“Treinando sempre, buscando mais prática. E fé em Deus sempre”, disse ele.
“Não dá medo?”, perguntou o repórter.
“Não. Confio nos meus colegas. Se precisar, eu dou a vida por eles, assim como eles dariam por mim.”
A viúva de Luis, Bianca Silva, de 22 anos, também se mudou para a Ucrânia há seis meses e agora aguarda o resgate do corpo do marido, que está em uma área de difícil acesso. “Quando ele decidiu vir pra guerra, foi pra ajudar a salvar vidas. A gente largou tudo no Brasil pra poder vir”, contou Bianca.
Além de Luis e João Victor, outro brasileiro, Thiago Bulhões, da Paraíba, morreu no início do mês passado, atingido por um drone russo. Ele trabalhava em uma escolinha de futebol em João Pessoa antes de viajar para o leste europeu.
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Vídeos divulgados em grupos russos nas redes sociais mostram imagens dos ataques e das mortes de estrangeiros, frequentemente editadas com trilhas de suspense. O Itamaraty confirmou que acompanha os casos e presta assistência às famílias.
Na capital ucraniana, Kiev, o memorial em homenagem aos soldados mortos cresce a cada semana. Lá estão os nomes e rostos de combatentes estrangeiros — incluindo brasileiros — que perderam a vida no conflito iniciado em 2022.









