Justiça do Rio determina pagamento de indenização à família de Amarildo
Pedreiro desapareceu há 10 anos, após ser levado por policiais da favela da Rocinha; corpo nunca foi encontrado
Liane Borges
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou que o Governo do Estado pague indenização à família do pedreiro Amarildo Dias de Souza.
Conforme a decisão, publicada nesta 4ª feira (12.jul), o Estado deverá pagar, integralmente, a indenização à viúva de Amarildo, Elizabeth, aos seis filhos do casal e também a uma irmã da vítima. No total, serão R$ 3,6 milhões.
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A Procuradoria-Geral do Estado informou que aguarda a análise de recursos, pelo Superior Tribunal de Justiça, para definir a indenização aos familiares de Amarildo. Mas, segundo o STJ, o caso já foi julgado. Ainda assim, a expectativa é a de que haja um longo caminho até que o pagamento seja feito.
"O pagamento imediato não é possível porque, se não, você passaria à frente de outros. Então, você tem que colocar em uma fila, de fato. Eu posso dizer que, em 2026, essa indenização será realizada", afirma João Tancredo, advogado da família de Amarildo.
"Dinheiro não vai trazer mais ele, mas, pelo menos, dá um conforto para família. Porque eles que 'errou' com a família. Não foi a família que errou com o Estado. Ainda sumiram com o corpo de Amarildo, sem nós 'poder' enterrar nada", lembra Elizabeth Gomes, viúva do pedreiro.
Em 14 de julho de 2013, câmeras de segurança registraram quando policiais militares retiraram Amarildo de um bar, na Favela da Rocinha, e levaram o pedreiro para averiguações. O corpo dele nunca foi encontrado. Ao todo, 13 policiais foram condenados pela morte de Amarildo, mas ganharam liberdade condicional.
"Não vai ser o dinheiro que vai tirar a angústia que a gente sente no coração, até hoje, por não ter podido enterrar o nosso pai. Eu preferia que eles mais dessem conta do meu pai, dos restos mortais do meu pai, do que dinheiro", defende Anderson Gomes, filho de Amarildo.