Ministro pede apuração sobre conduta do Google contra projeto das Fake News
Plataforma usa buscador como ofensiva contra projeto: "Pode piorar a internet", diz big tech
O ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou nesta 2ª feira (1.mai) que vai pedir à Secretaria Nacional do Consumidor, órgão ligado à pasta, para apurar práticas abusivas do Google. O posicionamento veio após a plataforma fazer uma ofensiva contra o Projeto de Lei das Fake News, que deve ser votado na Câmara dos Deputados nesta semana.
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Na tarde desta 2ª (1.mai), ao acessar o buscador do Google, o usuário se deparou com uma mensagem embaixo da caixa de pesquisa: "O PL das fake news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil". Ao clicar na frase, o internauta é direcionado a diversas notas públicas da plataforma contrárias ao projeto. (Veja foto abaixo).
No Twitter, Dino escreveu: "Estou encaminhando o assunto à análise da Secretaria Nacional do Consumidor, órgão do Ministério da Justiça, à vista da possibilidade de configuração de práticas abusivas das empresas".
Estou encaminhando o assunto à análise da Secretaria Nacional do Consumidor, órgão do Ministério da Justiça, à vista da possibilidade de configuração de práticas abusivas das empresas. https://t.co/amkQe57ffc
? Flávio Dino ?? (@FlavioDino) May 1, 2023
O ministro chefe interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappelli, também repercutiu o episódio nas redes sociais. Ele chamou atenção para o que classificou como campanhas publicitárias agressivas contra o Projeto de Lei.
É no mínimo curioso ver empresas estrangeiras fazendo campanhas publicitárias agressivas contra o PL das Fake News. Típico caso de interferência externa indevida em assunto de interesse nacional conduzido pelo parlamento brasileiro.
? Ricardo Cappelli (@RicardoCappelli) May 1, 2023
"Campanha milionária"
Mais cedo, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB), relator do PL das Fake News na Câmara dos Deputados, fez uma série de críticas às empresas de tecnologia. Durante o ato do Dia do Trabalhador promovido pelas centrais sindicais no centro de São Paulo, ele afirmou que as big techs estão fazendo um "jogo sujo" para influenciar de forma negativa a votação do projeto de lei no Congresso brasileiro.
Na sequência, em publicação nas redes sociais, escreveu que as big techs investem dinheiro para mentir contra o PL. "As Big Techs e os canais pagos para defendê-las têm feito uma campanha milionária com mentiras sobre o PL 2630. A proposta não censura ninguém e nem enfraquece os pequenos", escreveu.
As Big Techs e os canais pagos para defendê-las têm feito uma campanha milionária com mentiras sobre o PL 2630. A proposta não censura ninguém e nem enfraquece os pequenos. Ao contrário, vai fazer as plataformas pagarem mais para mais gente. Defenda a verdade. PL 2630 JÁ! pic.twitter.com/88JRKtqfhs
? Orlando Silva (@orlandosilva) May 1, 2023
No início da noite desta 2ª feira (1.mai), Orlando Silva seguiu nas postagens contra a conduta da empresa. "É o maior jogo sujo já feito por uma empresa para interferir em um debate político". Também classificou como absurda a ofensiva e chamou de "campanha sórdida".
? ABSURDO!!! Google faz campanha sórdida e desesperada para impedir a votação do PL 2630. Querem continuar lucrando a morte!
? Orlando Silva (@orlandosilva) May 1, 2023
Não nos curvaremos ao jogo sujo. Quem se diz progressista e está aliado a essa canalhice deveria refletir. A história cobrará! PL 2630 PELAS CRIANÇAS! pic.twitter.com/eqPumGoyQA
É o maior jogo sujo já feito por uma empresa para interferir em um debate político. O Google mancha sua marca com o sangue de crime estimulado pelas plataformas. PL 2630 PELAS CRIANÇAS! https://t.co/6PMjuGUz0T
? Orlando Silva (@orlandosilva) May 1, 2023
Veja a mensagem da plataforma no buscador:
O que diz o Google?
Em nota, o Google escreveu que "a discussão sobre uma legislação que pode impactar a vida de milhões de brasileiros e empresas precisa ser feita envolvendo todos os setores da sociedade". Enfatizou que nas últimas semanas, tem se manifestado em relação ao PL 2630 "de forma pública e transparente" por meio de blog oficial da plataforma.
Também negou que esteja promovendo campanha contra o projeto de lei, com manipulações em sua ferramenta de busca.
"As alegações de que estamos ampliando o alcance de páginas com conteúdos contrários ao Projeto de Lei 2630 na Busca, em detrimento de outras com conteúdos favoráveis, são falsas. Cada vez que uma pessoa faz uma busca, nossos sistemas trabalham para mostrar para ela os resultados mais relevantes entre milhares, às vezes milhões, de páginas de web. Não alteramos manualmente as listas de resultados para determinar a posição de uma página específica em nenhuma hipótese. Nossos sistemas de ranqueamento se aplicam de forma consistente para todas as páginas, incluindo aquelas administradas pelo Google", garantiu a plataforma.
A empresa afirmou ainda, no comunicado, que considera legítima as explicações sobre os riscos da aprovação da proposta.
"Às vésperas da votação do PL 2630, que não foi discutido tão amplamente e sofreu alterações significativas nas últimas semanas, é importante que os brasileiros estejam informados sobre os possíveis impactos para tomarem uma decisão sobre como participar dessa discussão", ressaltou o Google.
+ Orlando Silva entrega texto final do projeto de lei das fake news