Dia roxo: caminhada reforça conscientização sobre epilepsia
Estima-se que 4 milhões de pessoas tenham a doença no Brasil; convulsão não é o único sintoma
A cor roxa tomou conta da Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (26.mar), data dedicada ao Dia Mundial da Conscientização sobre a Epilepsia. Ativistas se juntaram para pedir o fim do preconceito contra pacientes e cobrar ampliação de políticas públicas.
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A estimativa é que essa condição neurológica atinja cerca de 4 milhões de pessoas no Brasil. Em 80% dos casos, a pessoa com epilepsia pode ter uma vida normal, se tratada adequadamente.
De acordo com o embaixador da campanha no Brasil, Eduardo Caminada, falar sobre a epilepsia é extremamente importante. "Nós que temos ou convivemos com a doença sabemos que é fundamental desmistificar o paciente com epilepsia, pois carregamos uma carga pesada na área psicológica, física, social e até mesmo econômica. Nós podemos, sim, trabalhar, atuar em diferentes carreiras, construir família. Convivemos com uma patologia, mas vivemos", ressalta Caminada.
Sinais de alerta
Para Cristine Cukiert, neurologista especialista em epilepsia do Hospital Alvorada Moema, conhecer os sintomas, que vão além das crises convulsivas, pode ser determinante para a qualidade de vida do paciente. Ela explica que a convulsão é uma das principais características da epilepsia, mas há outras crises, como a de ausência ou a mioclonia (condição que gera espasmos musculares involuntários).
"Para o diagnóstico correto é preciso recorrer a exames de imagem como ressonância magnética, eletroencefalograma e o videoeletroencefalograma. Com essas informações, é possível ter uma percepção do funcionamento cerebral e, com isso, iniciar o tratamento do paciente. Entre 70% a 80% dos casos, a doença é de fácil controle, ou seja, tratada somente com medicações, e, entre 20% a 30%, os casos são de difícil controle e pode haver a necessidade de intervenção cirúrgica", explica a neurologista.
De acordo com ela, só no ano passado o hospital realizou mais de 30 cirurgias neurológicas com foco em epilepsia em crianças. Há várias possibilidades que se aplicam de acordo com o caso, como as cirurgias ablativas, na qual a área do cérebro que não está funcionando adequadamente é retirada; as cirurgias desconectivas, que, como o próprio nome sugere, desconecta as áreas que estão em "curto", evitando que as crises se repitam; e as cirurgias neuromodulatórias, como o eletrodo vagal e os eletrodos de estimulação profunda (DBS).
"É importante que todos que convivam com a criança tenham a informação sobre os sintomas para que busquem pelo especialista e cheguem ao diagnóstico o mais rápido possível. Evitando, dessa maneira, que a criança tenha algum prejuízo neurológico, motor ou cognitivo", conclui.