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Brasil

Capitólio: empreendimento construído acima de cânion será investigado

Complexo turístico inaugurado em novembro de 2020 alterou vegetação e pode ter afetado absorção de água

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Capitólio em Minas
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Um complexo turístico localizado acima do paredão que caiu em Capitólio, Minas Gerais, faz parte das investigações da causa de desmoronamento do cânion. O local, inaugurado em novembro de 2020, alterou a vegetação da área e diminuiu a capacidade de absorção do solo, segundo especialistas consultados pelo SBT News. A ação pode ter aumentado os impactos sobre a pedra que desmoronou e deixou dez mortos.

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Imagens acessadas via satélite foram analisadas por um geólogo que tem experiência em estudos geotécnicos e preferiu não se identificar. Ele considera que as mudanças da área são perceptíveis e indicam desmatamento. As construções, feitas para estrutura do local e em passagens para pedestres, podem ter afetado a captação das chuvas.

Em 2018, aponta o especialista, é possível ver uma região sem qualquer tipo de obra, o que permitiria que as chuvas fossem absorvidas quase completamente pelo solo. Em 2021, no entanto, é possível ver uma grande intervenção na área, que pode ter provocado "pequenas erosões".

Imagem de satélite mostra a área antes da construção, em 2018 | Google Earth
Imagem de satélite mostra a área depois do início das obras, em 2021 | Google Earth

"Esse processo erosivo faz com que as fraturas na rocha recebam um volume de água acima do normal, o que pode diminuir consideravelmente a coesão das rochas e aumentar a instabilidade do terreno", explica o geólogo.

O complexo turístico abriga, desde novembro de 2020, uma área de canionismo e tirolesa. Para construção dos locais, uma série de trajetos para percurso, uma ponte e um estabelecimento foram construídos. O projeto, previsto para ser concluído em 2026, ainda prevê outras estruturas: ao todo, são três parques e um resort.

Área em setembro de 2018. Marcação em vermelho mostra área da queda do cânion | Google Earth
Área em junho de 2021. Marcação em vermelho mostra área do desabamento | Google Earth

Órgãos de segurança confirmaram ao SBT News, nesta 2ª feira (10.jan), que a construção fará parte das investigações do caso. O delegado responsável pelas apurações, Marcos Pimenta, considera ainda ser cedo para qualquer afirmação, mas disse que todos os cenários serão analisados. "Nós vamos exaurir todo e qualquer questionamento e possibilidade", disse.

Outro especialista, em hidrogeologia, pondera que, entre as etapas para liberação de uma construção do tipo, há necessidade de uma licença ambiental, e que o projeto como um todo precisa ser melhor analisado para outras conclusões. Mas considera possível ver as mudanças no solo após a obra.

A prefeitura de Capitólio e o empreendimento responsável pelo Parque de Aventuras foram contatados para um posicionamento sobre o projeto, mas não responderam à reportagem até a publicação. O espaço segue aberto para posicionamento.

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