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Brasil

Presença feminina na política é impactada por ausência de apoio e orientação

Segundo pesquisa Políticas de Saias, apenas 3,6% de candidatas exercem algum mandato político

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Pesquisa foi realizada com 1.194 mulheres entre os dias 8 de outubro e 22 de novembro | Reprodução/TSE
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A presença feminina no cenário político brasileiro é impactada principalmente pela ausência de apoio, orientação e incentivo por parte dos partidos. Segundo a pesquisa Políticas de Saias, divulgada nesta 5ª feira (25.nov) pelo Instituto Justiça de Saia, 29,4% das mulheres afirmaram exercer alguma liderança na casa legislativa, enquanto apenas 3,6% disseram estar no comando de algum mandato político.

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Os dados fazem parte das respostas de 1.194 mulheres, colhidas de forma virtual entre os dias 8 de outubro e 22 de novembro. Participaram da pesquisa eleitoras, mulheres que têm intenção de se candidatar, que são candidatas ou que já foram eleitas.

Conforme o levantamento, 86,9% das participantes nunca foram candidatas a cargos públicos por falta de recursos, medo de exposição, falta de apoio ou medo de perseguição. Além disso, mais da metade das entrevistadas afirmaram que já foram vítimas de violência política com ofensas morais e xingamentos (50,3%) e ameaças (21,6%), enquanto 35,9% revelaram sofrer exclusão ou restrição no espaço político, resultando, por exemplo, na interrupção de suas falas durante eventos públicos.

Dos casos relatados, 90% não foram denunciados pelas mulheres pela ausência de confiança no sistema jusdicial, por não saber onde denunciar ou por medo e vergonha. Além disso, cortes no salário, exonerações e perda de oportunidades de trabalho estão entre as razões para a subnotificação das ocorrências. Como consequência, a pesquisa ressalta o desenvolvimento de problemas psicológicos pelas mulheres, como ansiedade e síndrome do pânico.

"As mulheres brasileiras gostam de política e estão dispostas a participar da vida pública em sua comunidade, cidade, município e país, mas enfrentam problemas como a violência e falta de informações", destaca o Instituto Justiça de Saia. Segundo as mulheres entrevistadas, 89% afirmaram não se sentir representadas pelos homens na política e 96,7% concordaram que a existência de um cenário mais feminino na política impactaria positivamente no desenvolvimento de políticas públicas e ações em prol das mulheres.

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"Precisamos ter um parâmetro de onde devemos atuar e investir para auxiliar o ingresso de mulheres no cenário político", disse a promotora de justiça Gabriela Manssur, durante o anúncio dos resultados da pesquisa. "As mulheres como um todo estão afastadas da política brasileira. Os dados são necessários para que possamos pleitear àqueles que devem se comprometer com a pauta feminina."

Entre as 155 mulheres que afirmam ter se candidatado a algum cargo público no último ano, 123 não foram eleitas (79,4%) e 121 (78%) informam que a promessa de campanha para a candidatura a cargo não foi cumprida pelo partido. A maioria das inscrições foram feitas para o cargo de vereadora (90,8%) e deputada estadual (11,8%). A partir dos resultados, 83,2% das participantes se manifestaram a favor da criação de cotas para candidaturas femininas e cotas para mulheres no fundo partidário

Segundo o Instituto Justiça de Saia, o projeto Políticas de Saias continuará recolhendo informações até outubro de 2022. O principal objetivo da iniciativa é mapear a violência política contra mulheres no país e incentivar um cenário político mais igualitário. 
 

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