Facebook faz 20 anos: fatos, curiosidades e escândalos da rede social
Relembre fundador brasileiro, roubo de dados, manipulação eleitoral e Al Pacino no aniversário da plataforma
Em 4 de fevereiro de 2004, nascia o Facebook, a rede social que mudou a forma como as pessoas se relacionam online. Criada pelo norte-americano Mark Zuckerberg quando ainda era estudante da Universidade Harvard, com outros colegas de quarto, a rede atingiu impressionantes 3 bilhões de usuários — quase metade da população mundial — e foi envolvida em uma série de polêmicas.
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Tudo começou com o Facemesh
Tudo começa em 28 de outubro de 2003, quando Zuckerberg programou o site Facemesh no segundo ano de faculdade.
Era para ser um jogo entre os estudantes de Havard, que mostrava a foto de dois estudantes, lado a lado, onde se poderia escolher qual era o mais atraente, era um jogo conhecido nos Estados Unidos como “hot or not” (quente ou não).
Na época, o site gerou 450 visitas e 22 mil visualizações de fotos nas 4 horas iniciais e funcionamento e foi fortemente recomendado nos corredores de Havard.
O site foi fechado pela Universidade de Havard sob alegação de violação de copyright, quebra de segurança e do direito à privacidade por roubar fotos dos estudantes, que foram usadas no seu site.
Zuckerberg foi expulso, mas depois as acusações foram retiradas e ele voltou para a universidade.
The Facebook entra no ar
Em janeiro de 2004, Mark Zuckerberg começou a escrever um código para o novo site conhecido por “thefacebook”. A criação foi inspirada pelo seu site anterior, Facemesh.
Zuckerberg convidou seus colegas Eduardo Saverin, Dustin Moskovitz e Chris Hughes a conhecer a nova aventura que ganharia desdobramentos na sociedade, no universo da tecnologia e negócios.
E na manhã de 4 de fevereiro de 2004, The Facebook entra no ar no endereço thefacebook.com. Em 24 horas, o site alcançou entre 1200 e 1500 usuários registrados, virou uma plataforma de autopromoção dos alunos.
Tornou-se uma febre em Havard, avançou para Stanford, em 2005, outras 21 faculdades e universidades do Reino Unido, colégios de ensino médio, até chegar ao público acima de 13 anos, em setembro de 2006 e em 2010, começou a convidar os usuários para ser testadores beta. Em 2011, a rede tinha mais de 350 milhões de usuários, que acessavam o Facebook pelo celular.
A rede social ganhava forma e interesse das pessoas, que poderiam saber o que as outras pessoas pensavam, era possível fazer amizade com gente que morava no outro lado do mundo.
Era possível compartilhar sentimentos, trocar ideias sobre os mesmos assuntos, namorar e trabalhar. E assim, chegando em 2024 aos 3 bilhões de usuários mensais em todo mundo.
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Nestes vinte anos muita coisa aconteceu, ainda há muitas polêmicas em torno do criador e criatura, sobre o ainda acontece com a maior rede social do planeta.
O SBT News separou 20 fatos e curiosidades que cercam o Facebook.
1. Al Pacino no Face?
Até 2007, quando o Facebook era The Facebook, o rosto do ator Al Pacino aparecia em azul na tela de login. A imagem foi criada por Andrew McCollum, amigo e colega de classe de Mark Zuckerberg. Ele estava no canto superior esquerdo, coberto por códigos binários.
2. Cofundador é brasileiro
Zuckerberg é o grande nome associado à rede, mas entre os primeiros sócios da empreitada está um brasileiro. Eduardo Saverin foi o único brasileiro entre três norte-americanos que ajudou a criar a rede social mais popular do planeta. Ele nasceu em São Paulo, em 18 de março de 1983. Quando tinha 11 anos, seus pais Roberto e Paula Saverin, além da irmã, deixaram o Brasil para morar em Miami.
Ele se formou em Economia em 2006, fez pós-graduação e MBA em Havard. Saverin se tornou conhecido por tirar o dinheiro do próprio bolso para ampliar o Facebook. Ele investiu US$ 1 mil, virou diretor financeiro e obteve 30% do capital da empresa. Zuckerberg era o programador responsável e ficou com os outros 70% do Facebook. O primeiro endereço comercial da rede social foi criado na casa dos pais de Saverin, em Miami.
A relação entre o brasileiro e Zuckerberg nunca foi saudável, o sucesso do Facebook não foi o suficiente para selar a paz entre eles e Saverin entrou na justiça e brigou em 2005 para ser reconhecido como um dos fundadores da rede social. Ele foi expulso da empresa, mas manteve parte das suas ações.
Depois, na justiça, Saverin conseguiu recuperar sua participação minoritária na empresa e o direito de ter seu nome constado entre os fundadores da rede social. Estima-se que o brasileiro tenha 5% das ações do Facebook e atualmente é investidor, ele abriu mão da sua cidadania norte-americana e foi morar em Cingapura. Hoje é considerado o homem mais rico do Brasil, mantém uma empresa de investimentos e é investidor-anjo.
3. Atalho secreto para Zuck
Se você digitar 'facebook.com/4' a página vai ser redirecionada ao perfil do cofundador da rede social, Mark Zuckerberg.
Além disso, se você digitar no final do endereço “facebook.com/” os números 5, 6 ou 7, os endereços levam para os perfis de Chris Hughes, Dustin Moskovitz e Arie Hasit.
O número 5 é cofundador do Facebook, o 6 e o 7 foram os colegas de quarto de Zuckerberg, além disso, os números correspondem aos primeiros usuários da rede social. Alguns estão ativos, outros não mais. Basta testar!
5. Virou filme
Em 2010, o nascimento do Facebook e a ascensão de Zuckerberg como um líder da internet mundial viraram o filme “A rede social”. A produção levou três estatuetas do Oscar, por melhor edição, melhor roteiro adaptado e melhor trilha sonora original.
6. Facebook é azul porque Zuckerberg é daltônico
Em uma entrevista a revista norte-americana The New Yorker realizada em setembro de 2010, Mark Zuckerberg contou que o Facebook tem a cor predominante azul porque ele é daltônico e por ter dificuldade de diferenciar as cores verde e vermelho.
“Azul é a cor mais rica para mim, eu posso ver todo o azul”, explica Zuckerberg para The New Yorker.
7. Fotos de mães amamentando eram derrubadas na rede social
Sob alegação de conteúdo confundido com pornografia, o Facebook impedia os usuários de compartilhar fotos de amamentação que tinham seios e mamilos à mostra. Em alguns casos, o perfil era removido sem aviso.
Um grupo de 11 mil mulheres protestaram publicando fotos de amamentação com a mensagem “Ei Facebook, amamentar não é obsceno”.
8. 4º site mais popular do Brasil em 2023 e o 3º mais acessado no mundo
Segundo o levantamento da Resultados Digitais, o Facebook foi o quarto site mais acessado do Brasil em 2023, com 109 milhões de acessos. Em primeiro ficou o WhatsApp, com 169 milhões, seguido por YouTube (142 milhões), Instagram (113 milhões) e TikTok com 82 milhões de acessos.
Segundo o relatório Digital 2023, do DataReportal, publicado em abril de 2023, o Brasil tinha 114,2 milhões de usuários, alcançando 52,8% da população brasileira e 62,7% dos usuários totais de internet. Perdendo naquela época 2,4 milhões de usuários.
O Facebook conta com 2,9 bilhões de usuários e isso representa mais que a Índia e a China, os países mais populosos do mundo, que cada um tem mais de 1,4 bilhão de habitantes.
No mundo, segundo o site de métricas SimilarWeb, o Facebook fica a frente do Instagram e atrás do YouTube e Google.
9. No início, era só curtição
Quando a plataforma surgiu, não havia nem o botão curtir. Segundo o engenheiro do Facebook, Andrew Bosworth, ele e os outros engenheiros ficaram entusiasmados com o botão “Incrível”. Em 2007, Zuckerberg vetou o nome e o “Curtir” foi estabelecido na rede social.
Ele surgiu só em 2007 e reinou sozinho até 2016, quando as outras reações foram lançadas globalmente.
As novas reações – que incluem emoções negativas, como raiva e tristeza – foram úteis para que a plataforma entendesse melhor o comportamento do usuário e aprimorasse a seleção de conteúdo para cada pessoa, o que mais tarde geraria problemas.
10. Amor e ódio
O status de relacionamento – que podia ser compartilhado com todos os seguidores no feed – foi uma ferramenta popular no início da plataforma.
Em 2019, o FB tentou ajudar a juntar casais por meio do lançamento do Facebook Namoro nos Estados Unidos.
Mas a iniciativa nunca decolou a ponto de competir com os apps mais populares no segmento, como o Tinder e o Bumble.
11. O bilionáro mais jovem da história
Oito dias mais novo do que Mark Zuckerberg, Moskovitz virou, segundo o ranking da Forbes, o mais jovem bilionário do mundo. Isso porque ele tinha uma parcela minoritária da plataforma.
12. 6 em cada 10 pessoas usam Facebook para lembrar aniversários
Uma pesquisa da Opinion Box relata que 65% dos usuários brasileiros usam o Facebook para lembrar as datas de aniversários dos amigos e familiares.
Ao mesmo tempo, 32% dos pesquisados dizem que a maioria das pessoas que conhece não usa mais o Facebook. 58% costumam acompanhar e curtir as fotos dos amigos.
13. Alcance orgânico
No início, cada usuário via em seu feed as publicações das pessoas e das páginas que seguia. Mas, à medida que o conteúdo se multiplicava, a plataforma criou ferramentas para selecionar os posts que gerariam mais interesse dos usuários.
Nascia ali o algoritmo que traria tantos problemas para a empresa.
14. Rivalidade com o Orkut
O Orkut nasceu só um mês antes do Facebook, mas chegou ao Brasil em 2005, dois anos antes do Facebook. Isso explica por que, a princípio, o Orkut foi mais popular entre os brasileiros do que o Facebook. Porém, o apelo global da nova rede acabou vencendo.
15. Tudo que é social
Assim como o Facebook acabou com o Orkut, o surgimento de outras plataformas ameaçou o sucesso do site. Mas Zuckerberg decidiu resolver isso de outra maneira: comprando os concorrentes. Em 2012 ele pagou US$ 1 bilhão pelo Instagram.
Em 2014, o fundador do Facebook pagou US$ 16 bilhões pelo WhatsApp – o maior valor já pago por um aplicativo de smartphone.
16. Quebra de privacidade
Para estudar o comportamento do usuário e ampliar o tempo que ele passava na plataforma, o Facebook coletou muitos dados que, depois, foram usados para fazer publicidades super segmentadas.
Mas empresas como a britânica Cambridge Analytica coletaram dados sem autorização das pessoas e os usaram para traçar perfis psicológicos dos usuários e enviesar as publicações exibidas.
O escândalo estourou em 2018, com a consultoria acusada de influenciar, com informações falsas, a opinião dos britânicos a favor do Brexit e a eleição do republicano Donald Trump à presidência dos Estados Unidos em 2016.
17. Cada um na sua bolha
A prática de exibir apenas conteúdos de um lado do espectro ideológico, segundo especialistas, ampliou a polarização política, ameaçando até democracias consolidadas, como a dos Estados Unidos.
É como se grupos de usuários vivessem na sua própria bolha de conteúdo, criada a partir do filtro dos algoritmos. Especialistas e críticos das redes sociais pedem mais transparência sobre a seleção dos conteúdos para “furar a bolha”.
18. Não pode bloquear Mark Zuckerberg
Não há explicação, mas ninguém sabe porque Mark Zuckerberg não pode ser bloqueado no Facebook. Além disso, o perfil de sua esposa, Priscilla Chan, também não pode ser bloqueado.
Ao tentar fazer o bloqueio nas páginas, aparece a seguinte mensagem:
“Este perfil não pode ser bloqueado no momento”.
19. Postagem mais curtida do Facebook
O palestrante motivacional e autor Nick Vujicic, que tem a síndrome da Tetra-amelia, -- uma rara doença embrionária que se manifesta com a ausência dos membros inferiores e superiores -- fez uma publicação com sua esposa e filho no Facebook e conseguiu ter a postagem com mais curtidas de todos os tempos na rede social, com mais de 14,9 milhões de curtidas, 184 comentários e mais de 317 mil compartilhamentos.
20. Mais regulamentação e pedido de desculpas
Além dos riscos para a democracia, as redes sociais, entre elas o Facebook, são acusadas de oferecer muitos riscos e pouca proteção para crianças e jovens.
Na semana passada, Zuckerberg foi chamado ao Senado dos Estados Unidos para depor sobre a exploração sexual de crianças nas redes sociais.
Pressionado sobre não ter tomado medidas para evitar o problema, Zuckerberg pediu desculpas aos pais das vítimas.