Colonização de Marte e retorno à Lua: a corrida espacial em 2024
Empresas privadas e governos investem em missões de exploração espacial
O ano de 2024 promete uma ampliação de estudos e viagens ao espaço iniciadas no ano passado. A Nasa, agência espacial mais importante dos Estados Unidos, por exemplo, disse que, neste ano, pretende quebrar “barreiras e limites, tornando o impossível possível”.
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Ela não é a única empenhada. A Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO, na sigla em inglês), lançou logo no primeiro dia do ano um foguete para estudar buracos negros e outros fenômenos astronômicos.
O Japão planeja uma missão para explorar as luas de Marte. A JAXA (Japan Aerospace Exploration Agency) quer determinar se Fobos e Deimos são antigos asteroides que Marte capturou devido à sua gravidade ou se eles se formaram a partir de detritos.
A China, por sua vez, deve lançar a missão Chang’e 6. O objetivo é coletar e trazer à Terra as primeiras amostras do lado oculto da Lua – a face que nunca é vista por causa do movimento sincronizado do nosso planeta e do satélite.
Investimentos privados, como o turismo cósmico, também fazem parte do cenário espacial de 2024. É o caso das missões da Virgin Galactic, que teve sucesso em voos espaciais comerciais em 2023.
Adriano Leonês, professor de ciências e doutorando em Ciências Ambientais pela UnB (Universidade de Brasília), explica que a renovação do interesse pelo espaço se dá por múltiplos motivos. Os principais, segundo ele, são a exploração científica, para expandir o conhecimento sobre o universo; a possibilidade de extrair recursos naturais; e as aplicações tecnológicas, uma vez que o espaço oferece oportunidades para desenvolver tecnologias avançadas em áreas como comunicações, navegação e transporte espacial e segurança nacional, já que, do espaço, é possível construir métodos de vigilância e comunicação segura.
Para Leonês, o ano de 2024 será marcante para a exploração espacial devido a uma série de projetos ambiciosos. O especialista cita alguns:
Artemis Program (NASA): este projeto visa estabelecer uma presença sustentável na Lua, com o objetivo final de preparar a exploração humana de Marte. O Programa Artemis já está em pleno desenvolvimento e chama a atenção no momento a série de testes com o novo foguete Starship, desenvolvido pela SpaceX, liderada por Elon Musk;
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New Glenn (Blue Origin): A Blue Origin, fundada por Jeff Bezos, está trabalhando no desenvolvimento do foguete New Glenn, que terá capacidade para transportar cargas pesadas para órbita terrestre e além. A empresa também tem planos para missões lunares e marcianas no futuro;
Gaganyaan (ISRO): Este projeto visa enviar astronautas indianos ao espaço. Os testes começaram ainda em 2023 e neste ano pretendem avançar para que o objetivo seja cumprido em 2025.
“É provável que vejamos avanços significativos na exploração espacial nas próximas décadas”, diz Leonês.
O Brasil vai lançar foguete?
Para o professor, o Brasil poderia estar em situação melhor, uma vez que nações como Índia e China começaram seu programa espacial há menos tempo que o Brasil.
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Mas ele faz uma ressalva: “o Brasil tem uma história significativa de participação em atividades espaciais, com destaque para a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No entanto, em termos de exploração espacial tripulada, o país ainda não tem um programa espacial tripulado próprio”.
Mesmo assim, segundo Leonês, o Brasil tem participado de projetos espaciais em cooperação com outros países. “Exemplo disso é a participação do Brasil na Estação Espacial Internacional (ISS), onde astronautas brasileiros já estiveram envolvidos em missões e experimentos científicos”.
*Estagiária sob supervisão de Letícia Sorg