"Suas criptomoedas serão nossas", diz Coinbase em caso de falência
Uma das maiores negociadoras do mundo perdeu metade do valor de mercado frustrando investidores. Fundador diz que fundos estão a salvo
Cido Coelho
A maior bolsa de criptomoedas dos Estados Unidos, Coinbase, perdeu a metade de seu valor na última semana. Isso acontece por conta do fraco desempenho do balanço do primeiro trimestre do ano na empresa.
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A empesa divulgou perdas líquidas de US$ 430 milhões no primeiro trimestre, muito além dos US$ 47 milhões esperados pelos investidores da companhia.
As receitas tiveram queda de 35% se comparado com o mesmo período de 2021, passando para US$ 1,2 bilhão, abaixo dos US$ 1,5 bilhão esperados.
Se comparado com o trimestre anterior, o volume de negociações na empresa caiu 44%, apesar da empresa ter alegado ser 'consistente com o mercado spot (à vista) de criptomoedas mais amplo'.
Um dos reflexos dessa situação vem do bitcoin, considerada a criptomoeda mais negociada, perdeu a metade do valor, desde novembro do ano passado. Com isso, num cenário de ganhos abaixo do esperado pela Coinbase, trouxe perspectivas de mercado em baixa.
A receita da empresa foi caindo conforme os volumes de negociação foram reduzindo. Os números de usuários mensais ativos caíram 19% em relação ao trimestre anterior.
As ações da Coinbase caíram 43% nos quatro dias que antecederam a divulgação dos resultados na 3ªfeira (10.mai). Na 4ªfeira (11.mai), as ações cairam 26%, sendo negociadas a US$ 53,72 por ação. Há um ano, as ações em sua oferta pública inicial, os preços alcançavam US$ 429 por ação.
O presidente dos Estados Unidos Joe Biden assinou uma ordem executiva relacionada aos ativos digitais em março e pediu ao Federal Reserve a analisar a possibilidade de criar uma moeda digital. Além disso, o democrata orientou as agências federais a estudar o impacto da criptomoeda na estabilidade financeira e na segurança nacional.
Em um documento enviado ao orgão equivalente a Comissão de Valores Imobiliários brasileiro -- a SEC, dos Estados Unidos, a Coinbase justificou por meio do formulário Q-10 enviado a autoridade financeira como vai tratar dos fundos dos usuários e investidores em caso de falência, explicando que pode os recursos podem se tornar parte da massa falida e os usuários seus credores.
"Além disso, como os criptoativos mantidos sob custódia podem ser considerados propriedade de uma massa falida, em caso de falência, os criptoativos que mantemos sob custódia em nome de nossos clientes podem estar sujeitos a processos de falência e tais clientes podem ser tratados como nossos credores gerais."
Ou seja, os fundos de quem investiu passa a ser de propriedade da Coinbase.
"Fundos estão a salvo", diz fundador
Nas redes sociais, o fundador da Coinbase, Brian Armstrong, se manifestou sobre a crise que a empresa vem passando. Ele se posicionou falando que os fundos dos clientes estão a salvo e que a empresa não tem risco de falir e classificou a situação como 'cisne negro', algo inesperado.
"Essa divulgação faz sentido, pois essas proteções legais não foram testadas em tribunal especificamente para criptoativos, e é possível, embora improvável, que um tribunal decida considerar os ativos do cliente como parte da empresa em processos de falência, mesmo que prejudique os consumidores."
5/ This disclosure makes sense in that these legal protections have not been tested in court for crypto assets specifically, and it is possible, however unlikely, that a court would decide to consider customer assets as part of the company in bankruptcy proceedings...
? Brian Armstrong - barmstrong.eth (@brian_armstrong) May 11, 2022