Surto de gripe: quais outros vírus merecem sua atenção com a chegada do frio?
Queda nas temperaturas favorece a transmissão de vírus respiratórios por diversos motivos; veja como prevenir e se cuidar

Wagner Lauria Jr.
Com a aproximação do inverno e a chegada do frio, os casos de gripe vêm aumentando em todo o Brasil. Hospitais e unidades básicas de saúde já registram um aumento significativo de atendimentos por síndromes gripais, especialmente causadas pelo vírus Influenza A. No entanto, outras infecções respiratórias virais também costumam circular com mais intensidade durante o frio (saiba mais abaixo).
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Por que os vírus respiratórios se espalham mais no frio?
A queda nas temperaturas favorece a transmissão de vírus respiratórios por diversos motivos: os ambientes ficam mais fechados, há menor ventilação, e o ar seco compromete as defesas naturais das vias aéreas. Além disso, o frio altera o comportamento social, com mais aglomerações em locais fechados e menor exposição ao sol, o que reduz a produção de vitamina D, importante para a imunidade, segundo pesquisa divulgada pela Revista Fapesp.
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No caso da gripe, segundo o infectologista Marcelo Neubauer, a baixa cobertura vacinal preocupa e está reduzida por "questões culturais", uma vez que as pessoas acreditam que vão se contaminar pela gripe após a aplicação da vacina.
"A vacina é muito segura e eficaz e precisa ser atualizada todos anos", ressalta Neubauer.
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Além da gripe: os vilões do frio que você deve conhecer
Vírus Sincicial Respiratório (VSR)
Mais conhecido por afetar bebês e crianças pequenas, o VSR pode causar bronquiolite e pneumonia. O vírus é um dos principais responsáveis por bronquiolites, pneumonias e hospitalizações em bebês com menos de um ano.
Bronquiolite é uma infecção dos bronquíolos, estruturas que levam o ar da traqueia aos pulmões. A condição também se difere da pneumonia, que é principalmente bacteriana e afeta os alveólos pulmonares, que ficam cheios de pus. O chiado respiratório é característico da doença.
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Em idosos e imunossuprimidos, a infecção também pode ser grave. O VSR costuma circular com mais força entre março e agosto.
COVID-19
Com o primeiro caso registrado em 2019, a infecção pelo vírus SARS-CoV-2 foi o causador da pandemia que durou mais de 3 anos e 715 mil mortes. Apesar do fim da pandemia, o vírus ainda circula: Até 26 de abril de 2025, 182 mil pessoas foram diagnosticadas no Brasil com Covid-19 apenas neste ano e foi responsável por quase um quinto (18,6%) dos 50.090 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) registrados em 2025
Os sintomas vão de aparecimento de bolhas nos dedos das mãos e dos pés até tosse seca e persistente. O vírus possui esse nome porque seu formato, quando observado em microscópio, é semelhante ao de uma coroa. A vacina é a principal forma de prevenir complicações da doença.
Rinovírus
Principal causador do resfriado comum, o rinovírus pode parecer inofensivo, mas é responsável por boa parte das faltas escolares e afastamentos do trabalho. Apesar dos sintomas geralmente leves, coriza, dor de garganta e tosse, ele pode agravar quadros em pessoas com asma ou DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica).
O pneumologista do Hospital Sírio Libanês André Nathan ressalta que enquanto o resfriado acomete apenas as vias aéreas superiores (cavidades nasais, laringe e faringe), a gripe pode atacar também as vias aéreas inferiores (traqueia e estruturas do pulmão).
Adenovírus
Afeta principalmente crianças e provoca desde resfriados até infecções mais sérias como faringite, conjuntivite, pneumonia e até gastroenterite.
Em épocas frias, seu poder de disseminação aumenta. O adenovírus pode ser transmitido por contatos com secreções respiratórias (inclusive transmissão por dedos) de uma pessoa infectada ou por contato com um objeto contaminado, segundo o Manual MSD.
Como se proteger?
A prevenção passa por medidas simples, mas eficazes:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou usar álcool em gel;
- Quando espirrar, cobrir a boca com o cotovelo;
- Evitar locais fechados e aglomerações;
- Manter ambientes ventilados;
- Atualizar a caderneta de vacinação (especialmente as vacinas contra a Influenza e Covid-19);
- Usar máscaras em locais de maior risco, como hospitais ou transporte público, especialmente se estiver com sintomas;
- Em casos de sintomas respiratórios, evitar contato com pessoas do grupo de risco (idosos, bebês, imunossuprimidos).
Fique atento aos sinais de alerta
Sintomas como febre alta persistente, dificuldade para respirar, dor no peito, confusão mental ou piora repentina do quadro respiratório exigem atenção médica imediata.
Caso esses sintomas surjam, especialmente após uma gripe ou outra infecção respiratória, é fundamental procurar atendimento médico o quanto antes. O período de incubação do vírus é curto, entre 24 e 48 horas, o que significa que os primeiros sinais aparecem rapidamente após a exposição ao vírus.
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Para pessoas de grupos de risco, o antiviral oseltamivir (Tamiflu) pode ser indicado e está disponível no SUS e deve ser iniciado nos primeiros dois dias de sintomas.
Em casos leves, o tratamento é baseado em repouso, hidratação e uso de medicamentos sintomáticos, como antitérmicos e analgésicos.