5 anos da pandemia de covid-19: doença matou mais de 715 mil pessoas no Brasil; relembre
Em 11 de março de 2020, a OMS declarou emergência global pela doença que vitimou mais de 7 milhões de pessoas em todo o mundo

Wagner Lauria Jr.
Há exatos cinco anos, no dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou pandemia pela covid-19, doença causada pelo coronavírus Sars-Cov-2.
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"Nunca vimos uma pandemia provocada por um coronavírus. Esta é a primeira pandemia causada por um coronavírus (...) Nos próximos dias e semanas, esperamos ver o número de casos, o número de mortes e o número de países afetados aumentar ainda mais", afirmou Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, na ocasião.
Além do Sars-Cov, causador da covid-19, há outros 6 tipos de coronavírus conhecidos e nenhum deles teve um efeito parecido de disseminação.
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Segundo a OMS, em todo o mundo, ao menos 777 milhões de casos e mais de sete milhões de mortes pela doença foram registrados desde o aparecimento da doença, em dezembro de 2019. O número pode ser maior.
No Brasil, foram 39.210.405 casos e 715.295 mortes pela doença, segundo a última atualização do painel da Covid do Ministério da Saúde, às 09h53 da última sexta-feira (7). O primeiro óbito da doença no país, no entanto, veio antes disso, em 23 de janeiro de 2020.
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Quase um ano depois, a enfermeira Mônica Calazans marcou o início da vacinação contra a doença no país, em 17 de janeiro de 2021, ao tomar a 1ª dose da CoronaVac. Atualmente, há mais três vacinas aprovadas para uso no país: os imunizantes da AstraZeneca, Pfizer e Janssen.

3 anos e 2 meses depois, em 5 de maio de 2023, Tedros decretou o fim da pandemia.
“O que essa notícia significa é que está na hora de os países fazerem a transição do modo de emergência para o de manejo da COVID-19 juntamente com outras doenças infecciosas", afirmou durante o anúncio.
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Casos registrados em 2025 no Brasil
O fim da pandemia não significou o desaparecimento da doença. Apenas nos dois primeiros meses de 2025, o Brasil registrou cerca de 110 mil casos de covid, segundo a pasta da Saúde. A média é de 2.300 novos registros da doença por dia.
Infectologistas reforçam a importância da vacinação, principalmente em crianças, idosos e gestantes que possuem maior chance de evoluir para quadros mais graves.
Importância da vacinação
Melissa Palmieri, médica e sanitarista da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, alerta sobre a eficácia da imunização: "A vacina pode não segurar uma infecção, mas, se houver, ela vai ser leve e não vai levar essa pessoa ao desfecho de síndrome grave".

Covid longa: efeitos de médio e longo prazo da contaminação
A Covid-19 trouxe efeitos de médio e longo prazo para os contaminados: a covid longa. A pesquisadora em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Portela, define a condição como os sintomas experimentados a partir de quatro semanas depois de se recuperarem dos estágios iniciais da infecção. É o mesmo critério adotado pelo Ministério da Saúde.
"A Covid-19 mudou a vida de algumas pessoas. Uma pessoa entrevistada pela pesquisa relatou que antes fazia duas faxinas por dia e agora não consegue mais pegar o ônibus para ir trabalhar pela fadiga", disse.
Sintomas
Portela, que está coordenando um estudo com 651 pacientes de Covid-19 que foram hospitalizados no Rio de Janeiro, elencou 6 sintomas principais, dentre os 30 pesquisados pela equipe. Ela ressalta que, nos questionários aplicados durante a pesquisa, houve pessoas que relataram que sintomas já existentes pioraram e outros passaram a existir após a covid.
- Fadiga;
- Mal-estar após esforço (Post-exertional malaise);
- Dor nas juntas;
- Comprometimento cognitivo - Problemas de memória e concentração (chamados de “névoa mental”);
- Ansiedade;
- Sensação de formigamento nos braços e pernas.
A pesquisadora disse que alguns pacientes também relataram disfunção erétil e mudanças no ciclo menstrual, mesmo que esses pontos não estivessem listados no questionário. A Biblioteca Virtual de Saúde da Fiocruz também levanta outros sintomas:
- Falta de ar ou dificuldade para respirar;
- Tosse persistente;
- Dor no peito;
- Palpitações no coração;
- Dificuldades na fala;
- Tontura ao se levantar;
- Depressão;
- Diarreia;
- Dor no estômago;
- Problemas do sono.
Como é feito o diagnóstico?
Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o primeiro passo é procurar serviço de atenção primária de saúde em Unidades Básicas de Saúde (UBS's) e Unidades de Saúde da Família (USF). O diagnóstico é feito pelo histórico clínico do paciente, atendimento médico especializado, exames laboratoriais e de imagem, além de alguns testes, como os cognitivos. Margareth ressalta que a doença ainda é muito invisibilizada, o que dificulta diagnosticar a condição. "Para saber se você tem covid longa, é preciso descartar todas as outras opções possíveis", explica.
Como tratar?
Margareth ressalta que o ideal é ter uma abordagem multidisciplinar entre as especialidades médicas que possam fazer o tratamento. A fisioterapia também pode ser indicada, dependendo do caso. A especialista alerta que o exercício físico, em alguns casos, é potencialmente nocivo para recuperação do paciente.
A própria Fiocruz inaugurou, em 2023, o Centro de Covid Longa que faz monitoramento, avaliação multidisciplinar e reabilitação de indivíduos com sintomas persistentes. Além dele, outras universidades e centros de saúde, tanto públicos quanto privados, oferecem o serviço.
Ainda não há remédios específicos para condição, no entanto, o pesquisador da Unicamp explica que os tratamentos podem envolver a "restauração da função mitocondrial". "É justamente nesse ponto que vamos focar nos próximos estudos”, afirma.