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Saúde

Queloide: entenda quando a cicatrização foge do controle

Cirurgião geral explica quais pessoas têm maior risco e as estratégias mais modernas para tratar e prevenir condição

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Sala de cirurgia | Foto: Divulgação/ICTDF
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A cicatrização é um processo biológico essencial para reparar os tecidos após um trauma ou cirurgia. Em algumas pessoas, porém, esse mecanismo pode se tornar exagerado, levando ao surgimento do queloide, uma lesão elevada, espessa e endurecida que ultrapassa os limites da ferida original. Além de causar impacto estético, o queloide pode provocar coceira, dor, ardor ou sensação de tensão na pele, comprometendo a autoestima e, em certos casos, até a mobilidade, quando localizado próximo a articulações.

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A origem do queloide está associada a uma resposta anormal na fase proliferativa da cicatrização, com produção excessiva de colágeno tipo III e deposição desorganizada de fibras. A predisposição genética é um fator importante: pessoas de pele mais escura – afrodescendentes, asiáticos, hispânicos e até indivíduos com fototipos mais altos na classificação de Fitzpatrick – apresentam maior risco.

Ele costuma surgir entre 10 e 30 anos, quando a atividade celular e a síntese de colágeno são mais intensas. Áreas sujeitas a maior tensão ou atrito, como tórax, ombros, dorso, braços, mandíbula e lóbulos das orelhas, são as mais afetadas. Lesões inflamatórias da pele, queimaduras, cirurgias, piercings e tatuagens são gatilhos frequentes.

Consequências e impacto na qualidade de vida

Além da aparência, que muitas vezes gera constrangimento social, o queloide pode causar sintomas persistentes. Estudos indicam que até 80% dos pacientes relatam prurido, dor ou hipersensibilidade local. Em lesões maiores, há relatos de limitação de movimentos ou dificuldade de uso de acessórios, como brincos e colares. Esse cenário pode afetar a saúde emocional, provocando ansiedade, isolamento e queda da autoconfiança.

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Opções de tratamento

O manejo do queloide é desafiador e, geralmente, requer a combinação de técnicas para alcançar resultados duradouros. Entre as opções mais utilizadas estão:

  • infiltrações intralesionais com corticoides, capazes de reduzir inflamação e volume;
  • cirurgia, indicada para lesões extensas, quase sempre associada a outras terapias para reduzir recidivas;
  • radioterapia superficial, aplicada logo após a ressecção em casos selecionados, diminuindo o risco de retorno;
  • crioterapia, eficaz para lesões pequenas ou em estágios iniciais;
  • laser fracionado, luz intensa pulsada ou radiofrequência, que melhoram o aspecto e o relevo da cicatriz;
  • uso de fitas ou placas de silicone, indicadas tanto no tratamento quanto na prevenção em pessoas predispostas.

Dados publicados em revistas médicas apontam que a taxa de recorrência pode ultrapassar 50% quando o queloide é tratado apenas com cirurgia. Já a associação entre ressecção e infiltrações de corticoide pode reduzir esse índice para cerca de 20%, e, quando combinada com radioterapia, para menos de 10% em alguns estudos.

Prevenção e recomendações

Indivíduos que já apresentaram queloide devem conversar com o médico antes de qualquer procedimento que envolva cortes ou perfurações na pele. Sempre que possível, recomenda-se o uso preventivo de placas de silicone, massagens leves na cicatriz, pomadas específicas e proteção contra exposição solar excessiva durante o processo de cicatrização. Evitar traumas repetidos e manter a pele hidratada também ajudam a controlar a resposta inflamatória.

Consultar um cirurgião geral ou dermatologista assim que perceber crescimento anormal da cicatriz é fundamental para adotar medidas precoces e minimizar o risco de progressão.

*Patrizio Morisson é cirurgião geral e membro da Brazil Health (CRM/RJ 52.83566-8 | RQE 40.203)

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