Brasil

Exclusivo: médico de Bolsonaro avalia quadro clínico do ex-presidente

Ao SBT News, o cirurgião Cláudio Birolini explica as causas das hérnias de Bolsonaro e diz que o tratamento para soluço exige cautela

O médico Cláudio Birolini afirmou sexta-feira (26), em entrevista exclusiva ao SBT News, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresenta evolução clínica estável após cirurgia para correção de hérnia inguinal bilateral, realizada nessa quinta (25), no Hospital DF Star, em Brasília.

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Birolini explicou que a cirurgia atual está relacionada a um procedimento abdominal extenso realizado em abril, quando Bolsonaro foi submetido a uma operação de emergência de aproximadamente 13 horas para tratar uma obstrução intestinal e múltiplas hérnias abdominais.

Durante aquela intervenção, foi implantada uma tela na parede abdominal, o que reduziu a elasticidade da região e aumentou a pressão intra-abdominal. Segundo o médico, episódios frequentes de soluço — associados ao refluxo, ansiedade e hábitos alimentares — passaram a provocar elevações intermitentes dessa pressão, favorecendo o surgimento das hérnias inguinais agora corrigidas.

"O objetivo da cirurgia foi tratar as hérnias, que causavam bastante desconforto. O tratamento dos soluços é paralelo e medicamentoso", esclareceu.

Avaliação cautelosa sobre bloqueio do nervo frênico

A equipe médica avalia, de forma criteriosa, a possibilidade de um bloqueio anestésico do nervo frênico, procedimento considerado invasivo e de efeito temporário. O nervo é responsável pela inervação do diafragma, músculo essencial para a respiração.

De acordo com Birolini, embora o bloqueio possa reduzir crises persistentes de soluço, ele também pode provocar paralisia temporária do diafragma, levando a dificuldades respiratórias. O risco é maior em pacientes com histórico de apneia do sono, tosse crônica ou outras comorbidades respiratórias — condições presentes no ex-presidente.

"O bloqueio não é um tratamento definitivo. Ele funciona como uma prova terapêutica, mas pode trazer consequências importantes, como queda de saturação e até necessidade de ventilação assistida", afirmou.

Ex-presidente deprimido

O cirurgião também destacou que o estado emocional do ex-presidente influencia diretamente sua evolução clínica. Segundo ele, Bolsonaro apresenta sinais de depressão e estresse, agravados pelo ambiente restritivo em que se encontra, o que pode intensificar as crises de soluço.

"A gente sabe que momentos de maior ansiedade e estresse acabam contribuindo para crises de soluço mais intensas. Uma coisa leva à outra: ele fica estressado, deprimido, passa a ter soluços e, por causa disso, fica ainda mais nervoso. Isso acaba desencadeando uma situação bastante difícil, com a qual precisamos lidar."

Segundo novo boletim médico divulgado pelo hospital, Bolsonaro iniciou reabilitação com fisioterapia, recebeu ajustes na analgesia e passou a adotar medidas farmacológicas para prevenção de trombose. Também foram feitas alterações na medicação para controle de soluços e da doença do refluxo gastroesofágico. Não há previsão de novos exames ou procedimentos nesta sexta.

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