Neymar: tratamento com células-tronco poderia beneficiar performance de jogador? Entenda
Técnico Jorge Jesus, do Al-Hilai, disse que atleta brasileiro não está acompanhando o ritmo físico dos companheiros pelas lesões; entenda
Wagner Lauria Jr.
Neymar vem enfrentando dificuldades para acompanhar o ritmo físico de seus companheiros no Al-Hilal, da Arabia Saudita. É o que aponta o técnico do time, Jorge Jesus, em entrevista coletiva recente.
"Sobre Neymar... Não está fácil. Ele vem de uma lesão que o tirou da competição. Quando estava quase voltando, voltou a se lesionar. É um jogador que não deixa dúvidas a ninguém, de top mundial. Mas a verdade é que fisicamente não tem conseguido acompanhar a equipe", disse.
Em uma entrevista para o jornal Lance!, o neuro-ortopedista Luiz Fеlipе Carvalho disse que o tratamento com células-tronco poderia auxiliar a performance de jogador.
Como Neymar poderia ser beneficiado pelo tratamento?
De acordo com Mario Ferretti, ortopedista e médico do esporte do Hospital São Paulo EPM/Unifesp, o tratamento com células-tronco utiliza células do próprio paciente para regenerar tecidos danificados.
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Os estudos têm se concentrado em áreas como lesões musculares, medulares, cartilaginosas e fraturas ósseas, o que inclui o caso de Neymar, que já lesionou o tendão da coxa, o tornozelo, dedos dos pés e costas.
Segundo o ortopedista, estudos sugerem que as células-tronco podem estimular a produção de matriz extracelular (que contém fibras de colágeno, componente que auxilia na força e resistência dos tecidos do corpo), além de diminuir a inflamação no pós-lesão ou pós-cirurgia, o que pode acelerar o processo de cicatrização.
No entanto, segundo Ferretti, ainda são necessários estudos clínicos mais robustos para comprovar esses efeitos.
"Embora haja uma base teórica que sugere benefícios, não há evidências científicas definitivas que respaldem o uso generalizado dessa técnica na prática clínica", ressalta.
Como funciona?
As células-tronco utilizadas no tratamento geralmente são autólogas, ou seja, retiradas do próprio paciente, ressalta Mario.
Segundo ele, após a coleta, essas células podem passar por um processo de multiplicação em laboratório para aumentar seu número antes de serem aplicadas no local da lesão. A alternativa é que sejam injetadas diretamente no local da lesão, em menor quantidade.
Ferretti explica que a principal função das células-tronco é se diferenciar em células do tecido lesionado, estimulando a produção de matriz extracelular – como colágeno, proteoglicanas e glicosaminoglicanas, substâncias essenciais para a regeneração dos tecidos, como músculos, tendões, cartilagens e ossos.
"Ela pode atuar na diminuição da dor pelo potencial anti-inflamatório, mas deve haver muita cautela para indicar seu uso geral na saúde da populacional", afirma.