Idade pesa para os homens: entenda como o tempo afeta a chance de ser pai
Qualidade do sêmen muda com o tempo e merece atenção de quem quer planejar a paternidade com segurança


Brazil Health
Durante muito tempo se acreditou que apenas o “relógio biológico” feminino importava. Mas a ciência já comprovou que o fator masculino também é diretamente afetado pelo envelhecimento. Embora os homens mantenham a capacidade de produzir espermatozoides ao longo da vida, essa produção não se mantém igual. A partir dos 40 anos, surgem mudanças silenciosas que podem impactar a fertilidade, a saúde do embrião e até o andamento da gestação.
O que muda no sêmen com o passar dos anos
O envelhecimento masculino afeta principalmente três pilares da fertilidade: quantidade, qualidade e integridade genética dos espermatozoides. Com o tempo, é comum haver queda do volume ejaculado, redução da motilidade e aumento de alterações na forma dos espermatozoides. Além disso, cresce a fragmentação do DNA espermático — um marcador importante da qualidade reprodutiva.
Essas mudanças não impedem necessariamente a paternidade, mas podem dificultar o processo, prolongando o tempo até a concepção e elevando o risco de falhas. Estudos também associam a idade paterna avançada a maior risco de autismo, esquizofrenia, abortos espontâneos e algumas síndromes genéticas raras. São probabilidades pequenas, porém crescentes conforme o pai envelhece.
Fatores de estilo de vida podem acelerar ou intensificar esses efeitos. Sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade, estresse crônico e noites maldormidas afetam diretamente o sistema hormonal e o ambiente testicular, reduzindo ainda mais a qualidade do sêmen.
Como planejar a paternidade com mais segurança
Para homens que desejam ter filhos no futuro — mas não necessariamente agora — existem estratégias eficazes. A primeira é avaliar a saúde reprodutiva antes que a idade avance demais. Um espermograma simples já oferece informações valiosas sobre motilidade, concentração e morfologia. Em alguns casos, exames complementares, como a análise de fragmentação do DNA espermático, ajudam a refinar o diagnóstico.
Outra medida cada vez mais procurada é o congelamento de sêmen. Realizado preferencialmente antes dos 35 ou 40 anos, ele permite preservar espermatozoides com melhor qualidade genética para uso futuro. Para casais que já estão tentando engravidar, tratamentos de reprodução assistida — como inseminação intrauterina ou fertilização in vitro — podem ser indicados de acordo com a idade e o perfil de saúde do casal.
Há também mudanças simples no dia a dia que fazem diferença: prática regular de atividade física, redução de peso quando necessário, alimentação equilibrada, moderação no álcool, abandono do cigarro e sono estruturado. Essas medidas melhoram o ambiente testicular, equilibram os hormônios e favorecem uma produção espermática mais saudável.
O relógio biológico masculino existe, ainda que funcione de forma diferente do feminino. Conhecer seus efeitos e agir preventivamente oferece aos homens a chance de viver a paternidade com planejamento, segurança e consciência.
* Stephanie Majer é ginecologista graduada em Medicina pelo Centro Universitário São Camilo, com especialização em Reprodução Humana no Hospital Pérola Byington, especialista em Reprodução Assistida na ENNE Clinic e membro da Brazil Health







